Alvin Plantinga (1932-) nasceu em 1932, em Ann Arbor, Michigan, filho de imigrantes holandeses da província de Friesland. Seu pai, Cornelius, era filósofo e psicólogo, o que influenciou profundamente sua formação intelectual desde cedo. A família mudou-se para diferentes lugares durante sua juventude, incluindo North Dakota, antes de se estabelecer em Grand Rapids, Michigan, onde Plantinga iniciou sua educação superior no Calvin College. Ele continuou seus estudos em instituições prestigiadas como Harvard e Yale, concluindo seu doutorado em filosofia em 1958.
Sua carreira acadêmica foi marcada por contribuições fundamentais à filosofia analítica, especialmente nos campos da epistemologia e filosofia da religião. Plantinga lecionou inicialmente na Wayne State University e depois passou duas décadas no Calvin College, onde ocupou a cadeira William Harry Jellema. Em 1982, tornou-se professor na Universidade de Notre Dame, onde permaneceu até sua aposentadoria formal em 2010. Após isso, retornou ao Calvin College para ocupar novamente a cadeira Jellema.
Plantinga é amplamente reconhecido como um dos filósofos mais influentes do século XX e início do XXI, tendo moldado profundamente os debates contemporâneos sobre a racionalidade da crença religiosa. Sua obra God and Other Minds (1967) lançou as bases para sua abordagem epistemológica, enquanto The Nature of Necessity (1974) explorou questões metafísicas centrais. Seu argumento ontológico modal, desenvolvido posteriormente, propôs uma versão sofisticada da prova da existência de Deus usando lógica modal, diferenciando conceitos como "grandeza" e "excelência" máximas para defender a possibilidade de um ser divino necessário.
Uma das contribuições mais significativas de Plantinga foi sua formulação da epistemologia reformada, que defende que a crença em Deus pode ser racional mesmo sem evidências ou argumentos adicionais. Ele introduziu o conceito de "garantia" (warrant ) como condição para o conhecimento verdadeiro, desenvolvendo uma teoria abrangente em sua trilogia Warrant: The Current Debate , Warrant and Proper Function , e Warranted Christian Belief . Essas obras exploraram como as faculdades cognitivas humanas podem ser confiáveis quando alinhadas a um "plano de design", seja este natural ou sobrenatural.
Plantinga também se destacou por sua defesa do teísmo contra críticas naturalistas. Seu famoso "argumento evolutivo contra o naturalismo" questionou se a combinação de evolução e naturalismo poderia fornecer uma base confiável para a verdade das crenças humanas. Ele argumentou que, se nossas faculdades cognitivas evoluíram apenas para maximizar a sobrevivência, não há garantia de que elas produzam crenças verdadeiras. Esse raciocínio desafiou muitos pressupostos materialistas predominantes.
Ao longo de sua carreira, Plantinga recebeu inúmeros prêmios e homenagens, incluindo o prestigioso Prêmio Templeton em 2017, que reconhece contribuições excepcionais ao progresso da espiritualidade e compreensão humana. Ele também foi eleito membro da American Academy of Arts and Sciences e recebeu títulos honorários de várias universidades ao redor do mundo. Em Notre Dame, a bolsa de Distinguished Scholar Fellowship foi renomeada como Alvin Plantinga Fellowship em sua homenagem.
Seu impacto transcendeu fronteiras disciplinares, influenciando tanto a filosofia quanto a teologia. Plantinga treinou e inspirou uma geração de pensadores, incluindo figuras como Michael Bergmann, Michael Rea e Trenton Merricks. Seu trabalho continua a ser amplamente estudado e debatido, sendo citado frequentemente em discussões sobre ciência, religião e metafísica.
Seu livro Knowledge and Christian Belief (2015) sintetiza suas ideias em um formato acessível, reiterando sua convicção de que a fé cristã não apenas coexiste com a razão, mas encontra nela um apoio robusto. Seu legado perdurará como um testemunho da busca incansável pela verdade e pela reconciliação entre fé e filosofia.