Jeremias

A vocação e primeira visão de Jeremias.

¹Estas são as palavras de Jeremias, filho de Hilquias, um dos sacerdotes que viviam em Anatote, na terra de Benjamim. ²A palavra do Senhor veio a ele nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá, no décimo terceiro ano de seu reinado. ³Ela também veio durante o reinado de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, até o fim do décimo primeiro ano de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, quando Jerusalém foi levada ao exílio no quinto mês.

⁴Então a palavra do Senhor veio a mim, dizendo: ⁵"Antes de eu formar você no ventre de sua mãe, eu já o conhecia; antes de você nascer, eu o separei e o designei como profeta para as nações." ⁶Eu respondi: "Ah, Senhor Deus! Eu não sei falar, sou muito jovem!" ⁷Mas o Senhor me disse: "Não diga que é jovem. Você irá aonde eu o enviar e dirá tudo o que eu mandar. ⁸Não tenha medo deles, pois estou com você para protegê-lo," diz o Senhor.

⁹O Senhor estendeu a mão, tocou minha boca e disse: "Coloco minhas palavras em sua boca. ¹⁰Hoje eu o coloco sobre as nações e os reinos para arrancar e derrubar, para destruir e arruinar, mas também para construir e plantar."

¹¹A palavra do Senhor veio a mim novamente, dizendo: "O que você está vendo, Jeremias?" Eu respondi: "Vejo um ramo de amendoeira." ¹²O Senhor disse: "Você viu bem, pois estou vigilante para cumprir minha palavra." ¹³A palavra do Senhor veio uma segunda vez: "O que você vê agora?" Eu disse: "Vejo uma panela fervendo, inclinada do norte para cá." ¹⁴O Senhor me explicou: "Do norte virá a calamidade sobre todos os habitantes desta terra. ¹⁵Eu estou convocando todas as famílias dos reinos do norte," diz o Senhor. "Elas virão, e cada uma colocará seu trono às portas de Jerusalém, contra seus muros ao redor e contra todas as cidades de Judá. ¹⁶Pronunciarei meus julgamentos contra eles por toda a sua maldade, pois me abandonaram, ofereceram incenso a outros deuses e adoraram o que suas mãos fizeram."

¹⁷"Portanto, prepare-se, levante-se e diga a eles tudo o que eu ordenar. Não tenha medo deles, ou eu farei você tremer na frente deles. ¹⁸Hoje eu o faço como uma cidade fortificada, uma coluna de ferro e muros de bronze contra toda esta terra: contra os reis de Judá, seus líderes, seus sacerdotes e o povo da terra. ¹⁹Eles lutarão contra você, mas não vencerão, porque eu estou com você para protegê-lo," diz o Senhor.

Jeremias é enviado a Jerusalém para repreender a sua rebelião

¹A palavra do Senhor veio a mim, dizendo: ²"Vá e declare aos ouvidos de Jerusalém: Assim diz o Senhor: 'Lembro-me de você, da fidelidade da sua juventude, do amor do seu noivado, de como você me seguia no deserto, numa terra não cultivada. ³Israel era santo para o Senhor, os primeiros frutos da sua colheita; todos os que a devoravam eram considerados culpados, e a desgraça os atingia', declara o Senhor.

⁴"Ouça a palavra do Senhor, ó casa de Jacó, todas as famílias da casa de Israel. ⁵Assim diz o Senhor: 'Que injustiça os seus pais encontraram em mim para que se afastassem de mim? Eles seguiram ídolos inúteis e se tornaram eles mesmos inúteis. ⁶Não perguntaram: 'Onde está o Senhor, que nos tirou do Egito e nos conduziu pelo deserto, por uma terra árida e cheia de covas, terra de seca e de trevas, terra que ninguém atravessa e onde ninguém habita?'.

⁷"Eu os trouxe a uma terra fértil para que comessem os seus frutos e os seus bons produtos. Mas, quando entraram, contaminaram a minha terra e tornaram a minha herança repugnante. ⁸Os sacerdotes não perguntaram: 'Onde está o Senhor?'. Os intérpretes da lei não me conheceram; os líderes rebelaram-se contra mim, os profetas profetizaram por Baal e seguiram ídolos inúteis.

⁹"Portanto, ainda os acusarei', declara o Senhor, 'e também os filhos dos seus filhos'. ¹⁰Atravessem o mar até as ilhas de Chipre; enviem mensageiros a Quedar, observem com atenção e vejam se já aconteceu algo assim. ¹¹Porventura alguma nação trocou os seus deuses? (Eles nem sequer são deuses!) Contudo, o meu povo trocou a sua Glória por ídolos inúteis.

¹²"Pasmem diante disso, ó céus! Tremam de horror', declara o Senhor. ¹³'O meu povo cometeu dois pecados: eles me abandonaram, a fonte de água viva, e cavaram as suas próprias cisternas, cisternas rachadas que não retêm água. ¹⁴É Israel um escravo, um servo nascido em casa? Por que, então, foi ele saqueado?

¹⁵"Leões rugiram sobre ele, fizeram ouvir os seus rugidos; devastaram a sua terra, e as suas cidades foram incendiadas, e ninguém habita nelas. ¹⁶Até mesmo os homens de Mênfis e de Tafnes raparam o alto da sua cabeça. ¹⁷Não foi você que trouxe isto sobre si mesmo, por ter abandonado o Senhor, o seu Deus, quando ele o conduzia pelo caminho?

¹⁸"Agora, por que ir ao Egito beber água do Nilo? E por que ir à Assíria beber água do Eufrates? ¹⁹A sua maldade o castigará; a sua infidelidade o repreenderá. Saiba e veja como é mau e amargo abandonar o Senhor, o seu Deus, e não ter temor de mim', declara o Soberano Senhor dos Exércitos.

²⁰"'Há muito tempo quebrei o seu jugo e despedacei as suas correntes; mas você disse: 'Não me rebelarei!'. Contudo, em toda colina alta e debaixo de toda árvore verdejante você se deitava como uma prostituta. ²¹Eu a plantei como videira das melhores sementes, totalmente legítima. Como, então, você se tornou para mim uma videira selvagem e degenerada?

²²"Ainda que você se lave com soda e com muito sabão, a mancha da sua iniquidade permanece diante de mim', declara o Soberano Senhor. ²³'Como você pode dizer: 'Não me contaminei; não segui os baalins'? Veja como você se comportou no vale; reconheça o que você fez. Você é como uma camela jovem e veloz, que corre para um lado e para o outro, ²⁴como uma jumenta selvagem acostumada ao deserto, que fareja o vento em seu cio.

²⁵"Não deixe que os seus pés andem descalços nem que a sua garganta fique sedenta. Mas você diz: 'Não adianta! Eu amo os deuses estrangeiros, e irei atrás deles!'. ²⁶Como o ladrão fica envergonhado quando é pego, assim a casa de Israel se envergonhará: os seus reis, os seus líderes, os seus sacerdotes e os seus profetas. ²⁷Eles dizem à madeira: 'Você é meu pai', e à pedra: 'Você me deu à luz'. Viraram as costas para mim e não o rosto; mas na hora da aflição gritam: 'Vem nos salvar!'.

²⁸"Onde estão os deuses que você fez para si? Que eles venham salvá-lo na hora da aflição! Pois os seus deuses, ó Judá, são tão numerosos como as suas cidades. ²⁹Por que vocês me acusam? Todos vocês se rebelaram contra mim', declara o Senhor. ³⁰'Em vão castiguei os seus filhos; eles não aceitaram a correção. A espada de vocês devorou os seus profetas como um leão destruidor.

³¹"Vocês, desta geração, considerem a palavra do Senhor: 'Fui eu um deserto para Israel? Ou uma terra de densa escuridão? Por que, então, o meu povo diz: 'Somos livres para vagar; não mais viremos a ti'? ³²Acaso uma jovem se esquece dos seus enfeites, ou uma noiva, dos seus adornos? Contudo, o meu povo se esqueceu de mim por incontáveis dias.

³³"Como você é hábil em buscar o amor! Até as mulheres más aprendem as suas artimanhas. ³⁴Até nas suas roupas se encontra sangue de pobres inocentes. Você não os flagrou arrombando casas; mas, apesar disso, ²⁵você diz: 'Sou inocente; a ira dele certamente se desviou de mim'. Mas eu a julgarei por ter dito que não pecou.

³⁶"Por que você anda mudando de um lado para o outro? Você será decepcionada pelo Egito como foi pela Assíria. ³⁷Você sairá dali com as mãos na cabeça, pois o Senhor rejeita aqueles em quem você confia; você não terá sucesso com eles".

Israel e Judá são exortados a arrepender-se com a promessa de redenção

¹"Se um homem se divorciar da sua mulher, e ela o deixar e casar com outro homem, poderá ele voltar a ela? Certamente aquela terra estaria totalmente contaminada. Mas você se prostituiu com muitos amantes; e ainda assim, volte para mim", declara o Senhor.

²"Erga os olhos para os montes e veja: onde você não se prostituiu? Nas beiras dos caminhos você se assentava à espera deles, como um árabe no deserto. Você contaminou a terra com a sua prostituição e com a sua maldade. ³Por isso as chuvas foram retidas, e não houve chuvas da primavera. Mas você tem a face de uma prostituta; não quer ter vergonha! ⁴Acaso não me chamará de agora em diante: 'Meu Pai, o guia da minha juventude'? ⁵Guardará ele para sempre a sua ira? Continuará irado perpetuamente? Pois você tem dito essas coisas, mas continua a praticar o mal, e assim prevalece".

⁶O Senhor me disse nos dias do rei Josias: "Você viu o que fez a rebelde Israel? Ela foi para todo monte alto e para debaixo de toda árvore verdejante e ali se prostituiu. ⁷Eu disse depois de ela ter feito todas essas coisas: 'Volte para mim', mas ela não voltou. E a sua irmã, a traidora Judá, viu isso. ⁸Vi também que, por causa de todos os adultérios da rebelde Israel, eu a havia mandado embora e lhe dado uma certidão de divórcio. Contudo, a sua irmã, a traidora Judá, não teve medo; ela também foi e se prostituiu. ⁹Com a leviandade da sua prostituição, Judá contaminou a terra; cometeu adultério com ídolos de pedra e de madeira.

¹⁰"Apesar de tudo isso, a sua irmã, a traidora Judá, não voltou para mim de todo o coração, mas fingidamente", declara o Senhor. ¹¹O Senhor me disse: "A rebelde Israel mostrou-se mais justa do que a traidora Judá. ¹²Vá e proclame esta mensagem para o norte: 'Volte, ó rebelde Israel', declara o Senhor. 'Não fecharei a minha face irada contra você, pois sou misericordioso', declara o Senhor, 'não guardarei para sempre a minha ira.

¹³"Apenas reconheça a sua culpa, porque você se rebelou contra o Senhor, o seu Deus, e espalhou os seus favores a deuses estrangeiros debaixo de toda árvore verdejante e não me obedeceu", declara o Senhor. ¹⁴"Voltem, filhos rebeldes", declara o Senhor, "pois eu sou o seu marido. Tomarei vocês, um de cada cidade e dois de cada clã, e os trarei de volta a Sião. ¹⁵Então lhes darei pastores segundo o meu coração, que os conduzirão com conhecimento e entendimento.

¹⁶"Naqueles dias, quando vocês aumentarem e se multiplicarem na terra", declara o Senhor, "ninguém mais dirá: 'A arca da aliança do Senhor!'. Ninguém mais se lembrará dela, nem a mencionará, nem a visitará, nem será feita outra vez. ¹⁷Naquela época, Jerusalém será chamada o trono do Senhor, e todas as nações se reunirão para honrar o nome do Senhor em Jerusalém. Não mais seguirão a obstinação dos seus corações perversos. ¹⁸Naqueles dias, a tribo de Judá se unirá à tribo de Israel, e juntas virão da terra do norte para a terra que dei como herança aos seus antepassados.

¹⁹"Eu mesmo disse: 'Como eu gostaria de colocá-los entre os meus filhos e dar-lhes a boa terra, a mais bela herança entre as nações!'. Eu pensava que vocês me chamariam de 'Pai' e que não se desviariam de mim. ²⁰Mas, como a mulher é infiel ao seu marido, assim vocês têm sido infiéis a mim, ó casa de Israel", declara o Senhor.

²¹"Ouve-se uma voz nos montes estéreis, o choro e a súplica do povo de Israel, porque perverteram os seus caminhos e se esqueceram do Senhor, o seu Deus. ²²Voltem, filhos rebeldes; eu os curarei da sua rebeldia! Sim, nós viremos a ti, pois tu és o Senhor, o nosso Deus. ²³Certamente os montes e as muitas colinas são decepcionantes; no Senhor, o nosso Deus, está a salvação de Israel.

²⁴"Desde a nossa juventude, os ídolos vergonhosos têm consumido o trabalho de nossos antepassados, os seus rebanhos e o seu gado, os seus filhos e as suas filhas. ²⁵Sejamos cobertos de vergonha e de desonra, porque pecamos contra o Senhor, o nosso Deus, nós e os nossos antepassados; desde a nossa juventude até o dia de hoje não temos obedecido à voz do Senhor, o nosso Deus".

¹"Se você se arrepender, ó Israel", declara o Senhor, "volte para mim. Se você afastar os seus ídolos repugnantes da minha presença, não andará mais vagueando. ²E jurará: 'Tão certo como vive o Senhor, em verdade, em justiça e retidão', e as nações serão abençoadas nele e nele se gloriarão". ³Assim diz o Senhor ao povo de Judá e a Jerusalém: "Lavrem os seus campos; não semeiem entre espinhos. ⁴Circuncidem-se para o Senhor, retirem as impurezas dos seus corações, ó povo de Judá e habitantes de Jerusalém, para que a minha ira não se acenda como fogo e queime, sem que ninguém possa apagá-la, por causa das suas más ações".

Anúncio e Descrição da Invasão Estrangeira

⁵"Anunciem em Judá e proclamem em Jerusalém; digam: 'Toquem a trombeta por toda a terra!'. Gritem em alta voz e digam: 'Reúnam-se! Fujamos para as cidades fortificadas!'. ⁶Ergam o sinal para Sião! Busquem refúgio! Não hesitem! Pois estou trazendo destruição do norte, uma grande calamidade". ⁷Um leão saiu da sua toca; um destruidor de nações se pôs a caminho. Ele partiu do seu lugar para devastar a sua terra. Suas cidades serão destruídas e ficarão desertas. ⁸Por isso vistam-se de pano de saco, lamentem e gritem, pois a ira do Senhor não se desviou de nós. ⁹Naquele dia", declara o Senhor, "o coração do rei e o coração dos líderes falharão; os sacerdotes ficarão aterrorizados e os profetas, perplexos".

¹⁰Então eu disse: "Ah, Soberano Senhor! Como enganaste completamente este povo e Jerusalém, dizendo: 'Vocês terão paz', quando a espada está à nossa garganta!". ¹¹Naquele tempo, dirão a este povo e a Jerusalém: "Um vento abrasador vem das colinas áridas do deserto na direção do meu povo, mas não para peneirar nem para limpar. ¹²Um vento forte demais para isso vem da minha parte. Agora pronunciarei sentença contra eles".

¹³Vejam! Ele vem como nuvens; os seus carros de guerra são como um furacão, e os seus cavalos são mais velozes que águias. Ai de nós! Estamos arruinados! ¹⁴Lave o seu coração da maldade, ó Jerusalém, para que você seja salva. Até quando você abrigará pensamentos perversos? ¹⁵Uma voz anuncia desde Dã, e proclama a desgraça desde os montes de Efraim. ¹⁶"Anunciem isto às nações! Proclamem a Jerusalém: 'Inimigos vêm de uma terra distante, erguem a voz contra as cidades de Judá!'. ¹⁷Eles a cercam como guardas de um campo, porque ela se rebelou contra mim", declara o Senhor.

¹⁸"A sua conduta e as suas ações trouxeram isto sobre você. Esta é a sua punição. Como é amarga! Como lhe atinge o coração!". ¹⁹Ah, meu coração! Meu coração está em agonia! As batidas do meu coração se aceleram; não posso me calar. Ouvi o som da trombeta; o grito de guerra! ²⁰Uma catástrofe se abate sobre outra; toda a terra está devastada. De repente, as minhas tendas foram destruídas, as minhas cortinas, num instante. ²¹Até quando verei a bandeira de guerra e ouvirei o som da trombeta?

²²"O meu povo é tolo; eles não me conhecem. São crianças insensatas, não têm entendimento. São hábeis para praticar o mal; não sabem fazer o bem". ²³Olhei para a terra, e ela estava desolada e vazia; para os céus, e a sua luz tinha desaparecido. ²⁴Olhei para os montes, e eles tremiam; todas as colinas oscilavam. ²⁵Olhei, e não havia gente; todas as aves do céu tinham fugido. ²⁶Olhei, e a terra fértil era um deserto; todas as suas cidades estavam em ruínas, por causa do Senhor, por causa da sua ira.

²⁷Assim diz o Senhor: "Toda a terra ficará devastada, mas não a destruirei completamente. ²⁸Por causa disso, a terra ficará de luto e os céus, em cima, se escurecerão, porque eu falei, eu o determinei e não me arrependerei, nem voltarei atrás". ²⁹Ao som dos cavaleiros e dos arqueiros, todas as cidades fugiram. Alguns se esconderam nos arbustos, outros escalaram os penhascos. Todas as cidades foram abandonadas; ninguém habita nelas.

³⁰E você, ó devastada, que fará? Ainda que se vista de vermelho, ainda que se adorne com joias de ouro, ainda que pinte os seus olhos, você se enfeitará em vão! Seus amantes a desprezam; querem tirar-lhe a vida. ³¹Ouço um grito, como o de mulher em trabalho de parto, o grito angustiado de quem está dando à luz o seu primeiro filho. É o grito da cidade de Sião, que geme, estende as mãos e suplica: "Ai de mim! Estou desfalecendo diante dos assassinos!".

A Iniquidade de Jerusalém

¹"Percorram as ruas de Jerusalém, vejam e investiguem, procurem em suas praças para ver se conseguem encontrar alguém que aja com justiça e busque a verdade. Se encontrarem, eu perdoarei a cidade. ²Embora digam: 'Juro pelo nome do Senhor', ainda assim estão jurando falsamente". ³Senhor, os teus olhos não buscam a verdade? Tu os feriste, mas eles não sentiram dor; tu os arrasaste, mas eles se recusaram a aceitar a correção. Endureceram a face mais que a rocha e se recusaram a arrepender-se. ⁴Então pensei: "Certamente esta é gente pobre e ignorante; não conhecem o caminho do Senhor, as exigências do seu Deus. ⁵Por isso irei aos líderes e falarei com eles; certamente eles conhecem o caminho do Senhor, as exigências do seu Deus". Mas eles também, em uníssono, quebraram o jugo e romperam as amarras. ⁶Por isso um leão da floresta os atacará, um lobo do deserto os devastará, um leopardo ficará à espreita junto às suas cidades. Quem sair será despedaçado, pois as suas transgressões se multiplicaram, e aumentaram as suas infidelidades. ⁷"Como posso perdoá-la? Seus filhos me abandonaram e juraram por deuses que não existem. Forneci tudo o que precisavam, mas eles cometeram adultério e se reuniram em prostíbulos. ⁸São como garanhões bem nutridos, cada um relinchando para a mulher do próximo. ⁹Não devo eu puni-los por isso?", pergunta o Senhor. "Não devo eu vingar-me de uma nação como esta?". ¹⁰"Subam pelos seus muros e destruam-nos, mas não os destruam completamente. Derrubem os seus muros de defesa, pois eles não pertencem ao Senhor. ¹¹A casa de Israel e a casa de Judá têm sido totalmente infiéis a mim", declara o Senhor.

¹²Eles negaram o Senhor e disseram: "Ele não fará nada! Nenhuma desgraça nos acontecerá; não veremos espada nem fome. ¹³Os profetas não passam de vento, e a palavra não está neles; que isto aconteça a eles mesmos!". ¹⁴Portanto, assim diz o Senhor, o Deus dos Exércitos: "Visto que vocês disseram essas palavras, farei com que as minhas palavras em sua boca sejam fogo, e este povo, lenha, e o fogo os consumirá. ¹⁵Ó casa de Israel", declara o Senhor, "estou trazendo de longe uma nação contra vocês, uma nação forte e antiga, uma nação cuja língua vocês não conhecem, cujas palavras vocês não entendem. ¹⁶A sua aljava é como um túmulo aberto; todos eles são guerreiros valentes. ¹⁷Devorarão as suas colheitas e o seu pão, que os seus filhos e as suas filhas deveriam comer; devorarão os seus rebanhos e o seu gado; devorarão as suas videiras e as suas figueiras. As cidades fortificadas nas quais vocês confiam serão destruídas à espada". ¹⁸"Contudo, mesmo naqueles dias", declara o Senhor, "não os destruirei completamente. ¹⁹E quando perguntarem: 'Por que o Senhor, o nosso Deus, fez todas essas coisas conosco?', vocês lhes responderão: 'Assim como vocês me abandonaram e serviram a deuses estrangeiros em sua própria terra, assim vocês servirão a estrangeiros numa terra que não é sua'".

²⁰"Anunciem isto à casa de Jacó, proclamem-no em Judá: ²¹Ouçam isto, vocês, povo tolo e insensato, que têm olhos, mas não veem, têm ouvidos, mas não ouvem: ²²Vocês não me temem?", pergunta o Senhor. "Não tremem diante de mim? Pois eu fiz da areia um limite para o mar, um decreto eterno que ele não pode ultrapassar. As ondas podem agitar-se, mas não podem prevalecer; podem rugir, mas não podem ultrapassá-lo. ²³Mas este povo tem coração obstinado e rebelde; eles se rebelaram e foram embora. ²⁴Não dizem no coração: 'Temamos o Senhor, o nosso Deus, que nos dá as chuvas da estação, as chuvas da primavera e do outono, e que guarda para nós as semanas certas da colheita'. ²⁵São as suas iniquidades que afastaram essas coisas; são os seus pecados que os privaram dessas bênçãos. ²⁶"Homens perversos são encontrados no meio do meu povo; eles ficam à espreita como os que armam redes para pegar pássaros e preparam armadilhas para capturar gente. ²⁷Como gaiolas cheias de pássaros, assim as suas casas estão cheias de riquezas mal adquiridas. Por isso se tornaram poderosos e ricos, ²⁸engordaram e ficaram bem nutridos. Ultrapassaram os atos dos perversos. Não defendem a causa do órfão, nem julgam os direitos do pobre. ²⁹Não devo eu puni-los por isso?", pergunta o Senhor. "Não devo eu vingar-me de uma nação como esta?". ³⁰"Uma coisa espantosa e horrível aconteceu nesta terra: ³¹os profetas profetizam mentiras, os sacerdotes governam por sua própria autoridade, e o meu povo gosta dessas coisas. Mas o que vocês farão quando tudo isso chegar  ao fim?".

Ameaça de Invasão e a Corrupção de Jerusalém

¹"Fujam para segurança, povo de Benjamim! Saiam de Jerusalém! Toquem a trombeta em Tecoa! Acendam o sinal de advertência em Bete-Haquerém! Pois do norte vem um desastre, uma grande destruição. ²Comparo a filha de Sião a uma mulher formosa e delicada. ³Pastores com seus rebanhos virão contra ela; armarão tendas ao seu redor, cada um pastoreando no seu próprio lugar. ⁴'Preparem-se para a guerra contra ela! Levantem-se! Atacaremos ao meio-dia!'. Ai de nós! O dia está declinando, as sombras da tarde estão se alongando. ⁵'Levantem-se! Atacaremos à noite e destruiremos as suas fortalezas!'". ⁶Assim diz o Senhor dos Exércitos: "Derrubem as árvores e construam rampas de ataque contra Jerusalém! Esta é a cidade que deve ser punida; só há opressão no meio dela. ⁷Como a fonte produz água, assim ela produz maldade. Violência e destruição se ouvem nela; doença e feridas estão sempre diante de mim. ⁸Corrija a sua conduta, ó Jerusalém, para que eu não me afaste de você, para que eu não a transforme em desolação, em terra desabitada".

⁹Assim diz o Senhor dos Exércitos: "Eles vasculharão os remanescentes de Israel como se vasculha uma videira; passe a mão de novo, como o colhedor de uvas, sobre os ramos". ¹⁰A quem posso falar? Quem posso advertir para que me ouça? Seus ouvidos estão fechados, não conseguem ouvir. A palavra do Senhor é para eles objeto de zombaria; não encontram nela prazer algum. ¹¹Por isso estou cheio da ira do Senhor; não aguento mais contê-la. Vou derramá-la sobre as crianças nas ruas e sobre os jovens reunidos; até o marido e a mulher serão presos, o velho e o de idade avançada. ¹²As suas casas passarão para outros, como também os seus campos e as suas mulheres, quando eu estender a minha mão contra os habitantes desta terra", declara o Senhor. ¹³"Desde o menor até o maior, todos são gananciosos; tanto profetas quanto sacerdotes praticam fraudes. ¹⁴Tratam da ferida do meu povo como se ela não fosse grave. 'Paz, paz', dizem, quando não há paz alguma. ¹⁵Ficaram eles envergonhados de suas práticas repugnantes? Não, eles não têm vergonha alguma; nem sequer sabem o que é sentir vergonha. Por isso cairão entre os que caem; serão derrubados quando eu os castigar", diz o Senhor.

¹⁶Assim diz o Senhor: "Parem nas estradas e olhem; perguntem pelos caminhos antigos, perguntem pelo bom caminho, e sigam-no, e encontrarão descanso para a sua alma. Mas vocês disseram: 'Não seguiremos!'. ¹⁷Coloquei atalaias para vigiar vocês e lhes disse: 'Prestem atenção ao som da trombeta!'. Mas vocês disseram: 'Não daremos atenção!'. ¹⁸Portanto, ouçam, ó nações; observe, ó comunidade, o que acontecerá a eles! ¹⁹Ouçam, ó terra: Trarei desgraça sobre este povo, o fruto dos seus planos, porque não deram atenção às minhas palavras e rejeitaram a minha lei. ²⁰Para que me trazem incenso de Sabá e cálamo aromático de terras distantes? Seus holocaustos não são aceitáveis; seus sacrifícios não me agradam".

²¹Portanto, assim diz o Senhor: "Colocarei obstáculos diante deste povo. Pais e filhos tropeçarão neles; vizinhos e amigos perecerão". ²²Assim diz o Senhor: "Vejam! Um exército vem da terra do norte; uma grande nação se levanta dos confins da terra. ²³Eles empunham o arco e a lança; são cruéis e não têm misericórdia. O som que fazem é como o bramido do mar; vêm montados em cavalos, prontos para a batalha contra você, ó filha de Sião". ²⁴Ouvimos relatos sobre eles, e as nossas mãos enfraqueceram; a angústia tomou conta de nós, dores como as de uma mulher em trabalho de parto. ²⁵Não saiam para o campo, não andem pelas estradas, pois o inimigo está armado de espada e o terror está por toda parte. ²⁶Ó filha do meu povo, vista-se de pano de saco e revolva-se em cinzas; lamente como quem chora a perda do filho único, lamente amargamente, pois o destruidor virá de repente sobre nós. ²⁷"Eu o designei como provador de metais entre o meu povo, para que você examine e ponha à prova a conduta deles. ²⁸Todos eles são rebeldes obstinados, caluniadores. São duros como bronze e ferro; todos eles são corruptos. ²⁹O fole sopra com força, mas o chumbo se dissolve no fogo; a refinação continua em vão, pois os ímpios não são separados. ³⁰Serão chamados prata rejeitada, porque o Senhor os rejeitou".

Promessas e Ameaças Proferidas à Porta do Templo

¹A palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor: ²"Fique à porta do templo do Senhor e proclame esta mensagem: 'Ouçam a palavra do Senhor, todo o povo de Judá, vocês que entram por estas portas para adorar o Senhor!'. ³Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: 'Corrijam a sua conduta e as suas ações, e eu os deixarei permanecer neste lugar. ⁴Não confiem nestas palavras enganosas: 'Este é o templo do Senhor, o templo do Senhor, o templo do Senhor!'. ⁵Mas, se vocês realmente corrigirem a sua conduta e as suas ações, se realmente tratarem com justiça uns aos outros, ⁶se não oprimirem o estrangeiro, o órfão e a viúva, nem derramarem sangue inocente neste lugar, nem seguirem outros deuses para a sua própria ruína, 1 ⁷então eu os deixarei permanecer neste lugar, na terra que dei aos seus antepassados para sempre. ⁸Mas vejam! Vocês confiam em palavras enganosas que não servem para nada! ⁹'Vocês roubam e matam, cometem adultério e juram falsamente, queimam incenso a Baal e seguem outros deuses que vocês nem conhecem, ¹⁰e depois vêm e se apresentam diante de mim neste templo, que leva o meu nome, e dizem: 'Estamos seguros!'. Seguros para continuar com todas essas práticas repugnantes? ¹¹Este templo, que leva o meu nome, tornou-se para vocês um covil de ladrões? Pois eu também tenho visto isso', declara o Senhor.  

¹²"Vão agora ao lugar onde primeiro fiz o meu nome habitar, em Siló, e vejam o que fiz com ele por causa da maldade do meu povo Israel. ¹³Agora, visto que vocês têm feito todas essas coisas", declara o Senhor, "e eu lhes falei repetidas vezes, mas vocês não me ouviram, e os chamei, mas vocês não responderam, ¹⁴farei com este templo, que leva o meu nome, no qual vocês confiam, com este lugar que dei a vocês e aos seus antepassados, o que fiz com Siló. ¹⁵Eu os expulsarei da minha presença, como expulsei todos os seus irmãos, toda a descendência de Efraim. ¹⁶"Portanto, Jeremias, não ore por este povo, não faça súplicas nem pedidos em favor deles, nem insista comigo, pois não o ouvirei. ¹⁷Você não vê o que eles estão fazendo nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém? ¹⁸Os filhos ajuntam a lenha, os pais acendem o fogo, e as mulheres preparam a massa para fazer bolos para a rainha dos céus; eles derramam ofertas a outros deuses para provocar a minha ira. ¹⁹Mas será que é a mim que eles estão provocando?", pergunta o Senhor. "Não é a si mesmos, para a sua própria vergonha?". ²⁰Portanto, assim diz o Soberano Senhor: "A minha ira e a minha indignação serão derramadas sobre este lugar, sobre os homens e sobre os animais, sobre as árvores do campo e sobre os frutos da terra; ela arderá como fogo e não se apagará".

²¹Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: "Juntem os seus holocaustos aos seus outros sacrifícios e comam a carne vocês mesmos! ²²Pois, quando tirei os seus antepassados do Egito, nada lhes falei nem lhes ordenei acerca de holocaustos e sacrifícios. ²³Mas isto lhes ordenei: 'Obedeçam à minha voz, e eu serei o Deus de vocês, e vocês serão o meu povo; andem por todo o caminho que eu lhes ordenar, para que tudo lhes vá bem'. ²⁴Mas eles não me obedeceram nem me deram atenção; antes, seguiram os seus próprios planos e a obstinação dos seus corações perversos. Foram para trás e não para frente. ²⁵Desde o dia em que os seus antepassados saíram do Egito até hoje, repetidas vezes lhes enviei os meus servos, os profetas. ²⁶Mas eles não me deram atenção nem me obedeceram; antes, endureceram a nuca e foram piores do que os seus antepassados. ²⁷"Quando você lhes disser todas estas palavras, eles não lhe darão atenção; quando você os chamar, não responderão. ²⁸Então você lhes dirá: 'Esta é a nação que não obedece à voz do Senhor, o seu Deus, nem aceita correção. A verdade desapareceu; foi eliminada dos seus lábios. ²⁹Corte o seu cabelo e jogue-o fora; lamente nos montes estéreis, pois o Senhor rejeitou e abandonou a geração que provocou a sua ira. ³⁰"O povo de Judá fez o que é mau aos meus olhos", declara o Senhor. "Colocou os seus ídolos repugnantes no templo que leva o meu nome, contaminando-o. ³¹Construíram os altares de Tofete, no vale de Ben-Hinom, para queimar em sacrifício os seus filhos e as suas filhas, coisa que jamais ordenei nem me veio à mente. ³²Por isso, aproximam-se os dias", declara o Senhor, "em que não mais se chamará Tofete nem vale de Ben-Hinom, mas vale da Matança, pois enterrarão corpos em Tofete até não haver mais lugar. ³³Então os cadáveres deste povo servirão de comida para as aves do céu e para os animais da terra, e ninguém os espantará. ³⁴Farei cessar nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém o som de júbilo e de alegria, o canto do noivo e o da noiva, pois a terra se tornará desolação".

²⁰Noé construiu um altar ao Senhor e, tomando de cada animal puro e de cada ave pura, ofereceu holocaustos sobre o altar. ²¹O Senhor sentiu o aroma agradável e disse em seu coração: "Não voltarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, pois a inclinação do coração humano é má desde a infância, nem destruirei novamente todo ser vivo como fiz. ²²Enquanto a terra durar, plantio e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite não cessarão."

²⁸Noé viveu mais 350 anos após o dilúvio. ²⁹Ao todo, Noé viveu 950 anos e morreu.

¹Ora, a serpente era mais astuta que todos os animais do campo que o Senhor Deus havia criado. E ela disse à mulher: "É verdade que Deus disse que vocês não podem comer a seria a mãe de todos os seres vivos. ²¹E o Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua mulher e os vestiu.  

²²Então o Senhor Deus disse: "Veja, o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal; agora, para que ele não estenda a mão e pegue também do fruto da árvore da vida, coma e viva para sempre," ²³o Senhor Deus o expulsou do jardim do Éden, para cultivar a terra de onde havia sido tirado. ²⁴E, após expulsar o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden, com uma espada flamejante que se movia em todas as direções, para guardar o caminho da árvore da vida.

²²Então o Senhor Deus disse: "Veja, o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal; agora, para que ele não estenda a mão e pegue também do fruto da árvore da vida, coma e viva para sempre," ²³o Senhor Deus o expulsou do jardim do Éden, para cultivar a terra de onde havia sido tirado. ²⁴E, após expulsar o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden, com uma espada flamejante que se movia em todas as direções, para guardar o caminho da árvore da vida.

Código Gut: 62383