A misericórdia de Deus para nós.
1Lembre-os de estarem sujeitos a principados e potestades, de obedecer a magistrados, de estarem prontos para toda boa obra, 2não falando mal de ninguém, não sendo brigão, mas gentil, mostrando toda a mansidão a todos os homens. 3Pois nós também éramos algumas vezes tolos, desobedientes, enganados, servindo a diversas concupiscências e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiando e detestando uns aos outros. 4Mas depois disso apareceu a bondade e o amor de Deus, nosso Salvador para com o homem, 5não pelas obras de justiça que fizemos, mas de acordo com Sua misericórdia, Ele nos salvou, lavando a regeneração e renovando o Espírito Santo; 6que ele derramou sobre nós abundantemente através de Jesus Cristo, nosso Salvador; 7sendo justificados por Sua graça, devemos ser feitos herdeiros de acordo com a esperança da vida eterna.
8Esta é uma palavra fiel, e afirmo estas coisas constantemente, para que os que creram em Deus sejam cuidadosos em manter boas obras. Essas coisas são boas e proveitosas para os homens.
Evitando divisões.
9Mas evite perguntas tolas, genealogias, contendas e disputas sobre a lei; pois são inúteis e levam a vaidade. 10Um homem que seja um herege, que rejeita a primeira e segunda advertência, deixe-o; 11sabe-se que aquele que é assim é subvertido e peca, sendo condenado por si mesmo.
Considerações finais e saudações.
12Quando eu o enviar Ártemas, ou Tíquico, diligencie me procurar em Nicópolis, pois ali eu decidi passar o inverno. 13Traga Zenas, o advogado e Apolo, em sua jornada diligentemente, para que nada lhes falte. 14E vamos aprender também a manter boas obras para os usos necessários, para que não sejam infrutíferas.
15Todos os que estão comigo o saúdam. Saúdem aos que nos amam na fé.
A graça esteja com todos vocês. Amém.
A Epístola a Tito conclui seu terceiro capítulo com exortações que reforçam a responsabilidade cristã na esfera pública e pessoal, culminando em instruções práticas e uma saudação final. Escrita em grego koiné, com 15 versículos, a carta é preservada em manuscritos como o Codex Sinaiticus (330-360 d.C.), Codex Alexandrinus (400-440 d.C.) e Codex Ephraemi Rescriptus (c. 450 d.C.). Tradicionalmente atribuída a Paulo, enviada de Nicópolis a Tito em Creta por volta de 66-67 d.C., sua autoria é debatida, com alguns estudiosos a considerando pseudepígrafa, datada entre 80 e 100 d.C., devido ao vocabulário e à organização eclesiástica. Tito, gentio convertido por Paulo (Gálatas 2:1-3), foi encarregado de estruturar a Igreja em Creta, enfrentando influências culturais adversas. O capítulo 3 enfatiza a obediência civil, a renovação espiritual e a hospitalidade cristã, refletindo a missão de viver a fé em comunidade.
Nos versículos 1 a 2, Tito é instruído a ensinar os cristãos a se submeterem às autoridades legítimas, obedecendo e praticando o bem, sem insultos ou contendas, mas com modéstia e compreensão (Tito 3:1-2). Essa orientação, alinhada com Romanos 13:1-7, reflete a liberdade cristã que não se opõe às estruturas civis, mas busca transformá-las pela conversão interior, promovendo uma sociedade mais justa. Nos versículos 3 a 8, o autor descreve a condição humana antes da graça: insensata, desobediente e escrava do pecado (Tito 3:3). A manifestação da bondade de Deus, por meio de Cristo, traz salvação, não por obras humanas, mas pela misericórdia divina, através do batismo e da renovação pelo Espírito Santo (Tito 3:5-6). Justificados pela graça, os crentes tornam-se herdeiros da vida eterna (Tito 3:7), sendo exortados a boas obras como fruto da fé (Tito 3:8). Esse hino à redenção sublinha a transformação operada por Cristo, central à teologia cristã.
Os versículos 9 a 15 oferecem conselhos finais. Tito deve evitar disputas inúteis sobre genealogias e questões legais, rejeitando hereges após advertências, pois sua obstinação os condena (Tito 3:9-11). A hospitalidade é destacada, com instruções para apoiar Zenas e Apolo em sua viagem (Tito 3:13) e encorajar os cristãos a praticarem boas obras (Tito 3:14). A saudação final, com menção a Tíquico e Apolo, reforça a comunhão cristã, marcada pelo “amor na fé” (Tito 3:15). Tito 3, com sua ênfase na graça transformadora e na responsabilidade social, convoca os crentes a viverem como testemunhas de Cristo, com humildade e zelo.
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