Philip Schaff (1819-1893), nascido em 1º de janeiro de 1819 em Chur, Suíça, e falecido em 20 de outubro de 1893 em Nova York, foi um teólogo protestante, historiador eclesiástico e erudito cuja vida e obra deixaram marcas profundas na teologia e na historiografia cristã nos Estados Unidos. Educado na Alemanha e profundamente influenciado por mestres como Johann August Wilhelm Neander, Schaff combinou rigor acadêmico com uma visão ecumênica, buscando a unidade cristã em um mundo marcado por divisões denominacionais. Sua monumental History of the Christian Church, suas contribuições para a tradução da American Standard Version da Bíblia e seu papel na edição da série Nicene and Post-Nicene Fathers refletem uma dedicação à verdade evangélica e ao estudo histórico. Como cristão, Schaff via a Igreja como um corpo vivo, guiado pela providência divina, e sua administração acadêmica revelou uma capacidade singular de mediar tradições teológicas alemãs e anglo-americanas.
Órfão de pai na infância, Schaff cresceu em um orfanato após a perda paterna, mas sua inteligência o levou ao ginásio de Stuttgart e, posteriormente, às universidades de Tübingen, Halle e Berlim. Em Tübingen, Ferdinand Christian Baur e Schmid moldaram seu pensamento crítico; em Halle, Friedrich August Tholuck e Julius Müller reforçaram sua espiritualidade pietista; e em Berlim, David Strauss e, sobretudo, Neander, com sua abordagem histórica e devocional, marcaram sua formação. Em 1841, obteve o grau de Bacharel em Divindade em Berlim, qualificando-se para o magistério. Após viajar pela Itália e Sicília como tutor do Barão Krischer, tornou-se Privatdozent na Universidade de Berlim em 1842, lecionando exegese e história eclesiástica. Em 1843, aceitou o convite para ser professor de história da Igreja e literatura bíblica no Seminário Teológico Reformado Alemão em Mercersburg, Pensilvânia, único seminário da Igreja Reformada Alemã nos Estados Unidos na época.
Em Mercersburg, Schaff desenvolveu a chamada “Teologia de Mercersburg” ao lado de John Williamson Nevin. Sua palestra inaugural, The Principle of Protestantism, proferida em 1844, foi um marco na área de simbólica, explorando as formulações doutrinárias em credos e confissões. Sua apreciação por figuras medievais católicas e pelo Movimento de Oxford gerou acusações de heresia, mas ele foi absolvido por unanimidade no sínodo de York em 1845. Schaff promoveu o uso do inglês nas igrejas e escolas reformadas alemãs, editou o Catecismo de Heidelberg em 1863, presidiu a comissão que preparou uma nova liturgia e publicou um hinário em 1859, fortalecendo a identidade denominacional. Sua History of the Apostolic Church, publicada em alemão em 1851 e em inglês em 1853, e a ambiciosa History of the Christian Church, em sete volumes (1858-1890), estabeleceram novos padrões para o estudo da história eclesiástica nos Estados Unidos, destacando-se por sua abordagem pictórica e menos biográfica que a de Neander.
Durante a Guerra Civil Americana, o seminário de Mercersburg fechou temporariamente, levando Schaff a Nova York em 1863, onde serviu como secretário do Comitê do Sábado, opondo-se ao “domingo continental”. Em 1865, fundou a primeira escola dominical alemã em Stuttgart e, entre 1862 e 1867, lecionou história eclesiástica no Seminário Teológico de Andover. Em 1870, ingressou no Union Theological Seminary, em Nova York, ocupando sucessivamente cátedras de enciclopédia teológica, línguas hebraicas, literatura sagrada e, finalmente, história da Igreja até sua morte. Schaff foi um defensor incansável da unidade cristã, participando ativamente da Aliança Evangélica. Como seu secretário honorário, organizou conferências gerais em 1869, 1872 e 1873, culminando no encontro de Nova York em 1873, após adiamentos devido à Guerra Franco-Prussiana. Em 1871, integrou uma delegação à Rússia para pleitear liberdade religiosa nas províncias bálticas.
Schaff presidiu o comitê responsável pela American Standard Version da Bíblia, concluída em 1901, após sua morte, e supervisionou a primeira série dos Pais Nicenos e Pós-Nicenos, colaborando com Henry Wace. Traduziu a enciclopédia teológica de Johann Jakob Herzog para o inglês, editando-a como The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge. Seus esforços ecumênicos incluíram colaborações com o Parlamento Mundial das Religiões em Chicago (1893) e a revista alemã Kirchenfreund, onde expressou a esperança de que o Papa Leão XIII abandonasse a infalibilidade papal em prol da reunificação cristã. Como cristão, Schaff acreditava que a história da Igreja revelava a ação contínua de Deus, e suas obras, como The Creeds of Christendom (1877), ofereciam análises críticas das confissões de fé, promovendo diálogo interdenominacional. Schaff faleceu em 1893, após um derrame, e foi sepultado no Cemitério de Woodlawn, no Bronx. Sua administração acadêmica, marcada por precisão e visão global, e seu legado, perpetuado pelo Prêmio Philip Schaff da Sociedade Americana de História da Igreja, que ele fundou em 1888, continuam a inspirar estudos teológicos e históricos.