George MacDonald (1824-1905), nascido em 10 de dezembro de 1824 em Huntly, Aberdeenshire, Escócia, e falecido em 18 de setembro de 1905 em Ashtead, Surrey, Inglaterra, foi um escritor, poeta e ministro congregacional escocês cuja obra literária e teológica deixou uma marca indelével na fantasia moderna e no pensamento cristão. Pioneiro do gênero fantástico, ele influenciou autores como Lewis Carroll, C.S. Lewis e J.R.R. Tolkien, enquanto seus sermões e tratados teológicos enfatizavam um Deus de amor universal, rejeitando doutrinas calvinistas rígidas. Sua escrita, impregnada de uma espiritualidade que via a redenção como um processo de transformação moral, aliava profundidade teológica a uma imaginação vívida, criando narrativas que exploravam a condição humana através de contos de fadas e romances realistas. Apesar de sua saúde frágil, marcada por tuberculose, MacDonald dedicou sua vida à fé, à literatura e ao ensino, deixando um legado que transcende gerações.
Criado em um ambiente de rica tradição intelectual, MacDonald era filho de George, um agricultor descendente do clã MacDonald de Glen Coe, e Helen MacKay, de uma família erudita. Sua infância foi moldada por influências literárias e religiosas diversificadas: seu tio materno, Mackintosh MacKay, era um scholar celta; seu avô paterno apoiava a poesia épica de Ossian; e seus pais, leitores ávidos, nutriam interesses que iam de Newton a Coleridge. A família, embora congregacional calvinista, era atípica, com avós de inclinações presbiterianas e independentes, e uma madrasta episcopal. Desde jovem, MacDonald enfrentou problemas pulmonares, incluindo asma e tuberculose, uma doença que vitimou sua mãe, dois irmãos e, mais tarde, três de seus filhos. Essa fragilidade o levou a buscar climas mais saudáveis ao longo da vida, influenciando suas viagens e escolhas residenciais. Após formar-se em química e física pelo King’s College, Aberdeen, em 1845, ele passou anos refletindo sobre sua vocação, considerando a medicina, mas optando por estudos teológicos no Highbury College em 1848, visando o ministério congregacional.
Em 1850, MacDonald assumiu o pastorado da Igreja Congregacional Trinity, em Arundel, mas suas pregações, centradas no amor universal de Deus e na redenção acessível a todos, encontraram resistência. Sua renda foi reduzida pela metade, levando-o a renunciar em 1853. Após um breve período em Manchester, sua saúde deteriorada o forçou a abandonar o púlpito. Em 1856, a conselho de Lady Byron, viajou para Argel em busca de recuperação, estabelecendo-se em Londres ao retornar. Lá, lecionou na Universidade de Londres e editou a revista Good Words for the Young. Sua carreira literária ganhou impulso com a publicação de Phantastes (1858), uma fantasia seminal, seguida por romances realistas como David Elginbrod (1863) e contos de fadas como The Princess and the Goblin (1872) e The Golden Key. MacDonald afirmava escrever para o “infantil” em todas as idades, usando a fantasia como um espelho da alma humana e da relação com o divino. Sua turnê de palestras nos Estados Unidos entre 1872 e 1873, onde discorreu sobre poetas como Shakespeare e Burns, consolidou sua reputação, atraindo multidões em Boston.
A teologia de MacDonald, expressa em Unspoken Sermons, rejeitava a doutrina calvinista da predestinação e a expiação penal substitutiva, que via como incompatíveis com um Deus amoroso. Ele defendia que Cristo veio para salvar da pecaminosidade, não de uma punição divina, e que o sofrimento, incluindo o “fogo” do inferno, servia para purificar e restaurar. Sua visão universalista, próxima à de Gregório de Níssa, sustentava que todos, por livre escolha, alcançariam a redenção. Essa perspectiva influenciou profundamente C.S. Lewis, que o considerava um mestre espiritual, citando-o extensivamente. MacDonald também foi mentor de Lewis Carroll, incentivando a publicação de Alice no País das Maravilhas após a aprovação de seus filhos, e manteve amizades com figuras como John Ruskin, Longfellow e Walt Whitman. Seus romances escoceses realistas, como Alec Forbes, inauguraram a escola kailyard, retratando a vida rural com autenticidade.
A partir de 1879, MacDonald residiu por duas décadas em Bordighera, na Riviera italiana, onde fundou a Casa Coraggio, um centro cultural frequentado por britânicos e italianos, com leituras de Dante e Shakespeare. Sua fé anglicana encontrou expressão na Igreja All Saints local, e sua produção literária, incluindo Lilith (1895), floresceu nesse ambiente. Em 1900, mudou-se para St George’s Wood, Haslemere, uma casa projetada por seu filho Robert. Casado com Louisa Powell desde 1851, MacDonald teve onze filhos, enfrentando a perda de quatro devido à tuberculose, especialmente Lilia, sua primogênita, cuja morte o abalou profundamente. Seu filho Greville, médico e escritor, e Ronald, romancista, perpetuaram seu legado. Faleceu em 1905, sendo cremado em Woking e suas cinzas depositadas em Bordighera, ao lado de sua esposa e filhas Lilia e Grace. A placa azul em sua casa em Camden, Londres, testemunha sua influência duradoura.
O impacto de MacDonald reside na fusão de imaginação literária e teologia transformadora. Suas narrativas fantásticas, como At the Back of the North Wind, exploram temas de fé, sofrimento e redenção, enquanto seus sermões, como “Justiça”, desafiam dogmas com uma visão de Deus como Pai amoroso. Sua rejeição ao calvinismo rígido e sua ênfase na restauração universal refletem uma espiritualidade que via a criação como um reflexo da bondade divina. Tecnicamente, suas obras combinam estruturas narrativas inovadoras com diálogos realistas, influenciando o desenvolvimento da fantasia e da literatura escocesa. Chesterton creditou The Princess and the Goblin por transformar sua percepção do mundo, e Tolkien reconheceu sua dívida com os contos de fadas de MacDonald. Honrado com uma pensão civil em 1877, MacDonald permanece uma figura cuja obra uniu razão, fé e imaginação, oferecendo uma visão de esperança que ressoa até hoje.
George MacDonald (1824–1905) foi um romancista e poeta escocês, nascido em Huntly, no condado de Aberdeenshire. Seu pai era agricultor e descendente direto dos MacDonalds de Glencoe, uma das famílias que sofreram no massacre ocorrido naquela região.
MacDonald passou a juventude em sua cidade natal, fortemente influenciado pela Igreja Congregacional e por uma atmosfera permeada pelo calvinismo. Formou-se na Universidade de Aberdeen e, depois, mudou-se para Londres, onde estudou no Highbury College para se tornar pastor congregacional. Em 1850, foi nomeado pastor da Igreja Congregacional Trinity, em Arundel. Após deixar essa função, atuou como ministro em Manchester. No entanto, sua saúde não resistiu às exigências do trabalho pastoral, e, depois de uma breve temporada em Argel, estabeleceu-se em Londres, dedicando-se à carreira literária.
Em 1856, publicou seu primeiro livro, Within and Without, um poema dramático. No ano seguinte, lançou um volume de Poemas, e em 1858 publicou o encantador romance fantástico Phantastes. Seu primeiro grande sucesso veio em 1862 com David Elginbrod, que inaugurou uma série de romances populares, entre os quais se destacam: Alec Forbes of Howglen (1865), Annals of a Quiet Neighbourhood (1866), Robert Falconer (1868), Malcolm (1875), The Marquis of Lossie (1877) e Donal Grant (1883).
MacDonald também foi editor da revista Good Words for the Young por um tempo e realizou com sucesso uma série de palestras nos Estados Unidos entre 1872 e 1873. Escreveu ótimas histórias voltadas ao público jovem e publicou alguns volumes de sermões. Em 1877, recebeu uma pensão do governo britânico em reconhecimento à sua contribuição cultural. Faleceu em 18 de setembro de 1905.
Tanto como pregador quanto como palestrante sobre temas literários, George MacDonald exerceu grande influência sobre mentes reflexivas, graças à sua sinceridade e entusiasmo moral. Seus poemas são simples e diretos, marcados por fervor religioso e linguagem acessível. Como retratista da vida camponesa escocesa na ficção, foi precursor de uma escola literária que se beneficiou de seu exemplo e, com o tempo, superou-o em popularidade. O tom religioso de seus romances é suavizado por uma postura tolerante e um humor generoso, e ele trata com sensibilidade as emoções mais simples da vida humilde.
Fonte: Britannica.