O livrinho e os sete trovões
¹E vi outro anjo forte descer do céu, vestido com uma nuvem; e havia um arco-íris sobre a sua cabeça, e o seu rosto era como o sol, e os seus pés como colunas de fogo; ²e tinha na sua mão um livrinho aberto; e pôs o seu pé direito sobre o mar, e o seu esquerdo sobre a terra; ³e clamou com grande voz, como quando um leão ruge; e, havendo clamado, sete trovões emitiram as suas vozes. ⁴E, quando os sete trovões emitiram as suas vozes, eu ia escrever; e ouvi uma voz do céu, que me dizia: Sele as coisas que os sete trovões emitiram, e não as escreva. ⁵E o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a sua mão ao céu, ⁶e jurou por Aquele que vive para todo o sempre, que criou o céu e as coisas que nele há, e a terra e as coisas que nela há, e o mar e as coisas que nele há, que não haveria mais tempo; ⁷mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele começar a tocar, o mistério de Deus se consumaria, como Ele declarou aos Seus servos, os profetas. ⁸E a voz que ouvi do céu falou-me novamente, e disse: Vá e tome o livrinho que está aberto na mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra. ⁹E fui ao anjo, e disse-lhe: Dê-me o livrinho. E ele me disse: Tome-o, e coma-o; e amargará o seu ventre, mas na sua boca será doce como mel. ¹⁰E tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; e na minha boca era doce como mel; e logo que o comi, o meu ventre amargou. ¹¹E ele me disse: Você deve profetizar novamente diante de muitos povos, e nações, e línguas, e reis.
O décimo capítulo do Livro do Apocalipse interrompe a sequência das trombetas para apresentar uma visão que intensifica a expectativa do juízo final. Escrito em grego koiné por volta de 95 d.C., sob o reinado de Domiciano, o texto é preservado em manuscritos como o Papiro 115 (c. 275 d.C.), Papiro 47 (século III), Codex Sinaiticus (330–360 d.C.) e Codex Alexandrinus (400–440 d.C.). Tradicionalmente atribuído a João, o Apóstolo, a autoria é debatida, com estudiosos sugerindo um autor da comunidade joanina devido a diferenças estilísticas. Dividido em 11 versículos, o capítulo descreve um anjo poderoso com um livro aberto, cuja missão reforça o chamado profético de João, ecoando passagens do Antigo Testamento como Ezequiel 2:8–3:3. Essa visão prepara a Igreja para a consumação do Reino de Deus, exortando à fidelidade em meio às tribulações.
João contempla um anjo poderoso descendo do céu, envolto em uma nuvem, com um arco-íris sobre a cabeça, rosto como o sol e pés como colunas de fogo (10:1). Esses traços, que lembram a glória divina (cf. Apocalipse 1:7), sugerem sua autoridade celestial, possivelmente associada a Gabriel, cujo nome hebraico significa “força de Deus” (cf. Daniel 8:15; Lucas 1:19). O anjo segura um livro aberto (10:2), distinto do rolo selado de Apocalipse 5, simbolizando a revelação divina acessível aos profetas. Os sete trovões (10:4) proclamam mistérios que João é proibido de escrever, indicando que os planos de Deus transcendem a compreensão humana. O anjo jura que não haverá mais demora (10:6), anunciando a plenitude do “mistério de Deus” (10:7), quando o Reino se estabelecerá definitivamente (cf. Mateus 13:24–30).
João é instruído a comer o livro (10:9), que é doce na boca, mas amargo no estômago, refletindo a experiência de Ezequiel (Ezequiel 3:3). Isso simboliza a alegria da Palavra de Deus e a dificuldade de sua missão profética, que envolve anunciar bênçãos e juízos. O chamado para profetizar a muitos povos (10:11) sublinha a universalidade da mensagem de João. A visão conecta a Igreja à liturgia celestial, refletida na Eucaristia, e fortalece os fiéis para perseverarem, confiantes na vitória final do Reino de Deus, cuja plenitude está próxima, mas não datada.
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