Tempos perigosos e falsos mestres.
¹Saiba também isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos perigosos. ²Porque os homens serão amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, ³sem afeição natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, desprezadores dos que são bons, ⁴traidores, levianos, orgulhosos, mais amantes dos prazeres do que amantes de Deus, ⁵tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Desses afaste-se.
⁶Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; ⁷que estão sempre aprendendo, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. ⁸E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens de mente corrupta, réprobos quanto à fé. ⁹Mas não irão mais avante; porque a loucura deles será manifesta a todos, como também o foi a daqueles.
Permanecendo na verdade.
¹⁰Você, porém, tem seguido de perto a minha doutrina, modo de viver, propósito, fé, longanimidade, caridade, paciência, ¹¹perseguições, aflições, as quais me sobrevieram em Antioquia, em Icônio, em Listra; quantas perseguições suportei; e de todas o Senhor me livrou. ¹²E, na verdade, todos os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus padecerão perseguição. ¹³Mas os homens maus e enganadores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados.
¹⁴Você, porém, permaneça nas coisas que aprendeu e das quais tem a certeza, sabendo de quem as aprendeu, ¹⁵e que desde a sua infância você conhece as sagradas escrituras, que podem torná-lo sábio para a salvação pela fé que há em Cristo Jesus. ¹⁶Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para doutrinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; ¹⁷para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda boa obra.
O terceiro capítulo da Segunda Epístola a Timóteo, escrito em grego koiné, integra as cartas pastorais do Novo Testamento, ao lado de 1 Timóteo e Tito. Tradicionalmente atribuído a Paulo de Tarso, o texto é amplamente considerado pseudepigráfico por estudiosos modernos, devido a diferenças estilísticas e à organização eclesiástica avançada, sugerindo composição por um discípulo entre 90 e 140 d.C. Preservado em manuscritos como o Codex Sinaiticus (330-360 d.C.) e o Codex Alexandrinus (400-440 d.C.), o capítulo reflete um contexto de desafios à fé cristã, com o autor exortando Timóteo a permanecer firme contra falsos ensinos. A datação tradicional situa a carta entre 64 e 67 d.C., antes do martírio de Paulo. Dividido em 17 versículos, o capítulo aborda os perigos dos últimos dias e a autoridade das Escrituras, enfatizando a perseverança na missão cristã.
Nos versículos 1 a 13, o autor alerta para os “tempos difíceis” dos últimos dias, período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo (2 Timóteo 3:1). Descreve homens egoístas, soberbios e amantes do prazer, que mantêm uma aparência de piedade, mas negam sua essência (2 Timóteo 3:2-5). Esses falsos mestres, comparados a Yannes e Yambrés, magos que se opuseram a Moisés (cf. Êxodo 7:11), enganam e são enganados (2 Timóteo 3:8, 13). Em contraste, o autor recorda a fidelidade de Timóteo à doutrina e às perseguições sofridas por Paulo em Antioquia, Icônio e Listra (2 Timóteo 3:10-11), sublinhando que todos os que vivem piamente em Cristo enfrentarão tribulações (2 Timóteo 3:12). Essa menção, conforme João Crisóstomo, incentiva Timóteo, natural de Listra, a suportar adversidades com coragem, confiando na libertação divina.
Nos versículos 14 a 17, Timóteo é exortado a permanecer firme no que aprendeu desde a infância, guiado por sua mãe e avó nas Sagradas Escrituras (2 Timóteo 3:14-15). O Antigo Testamento, inspirado por Deus, é útil para ensinar, corrigir e preparar o “homem de Deus” para boas obras (2 Timóteo 3:16-17). A inspiração divina, como ensina o Concílio Vaticano II, garante a verdade salvífica dos textos sagrados, recomendando sua leitura assídua, conforme Jerônimo. A designação “homem de Deus” aplicada a Timóteo ecoa figuras como Moisés, destacando seu chamado ministerial. O capítulo, com sua ênfase na vigilância contra heresias e na autoridade bíblica, convoca os cristãos a viverem com retidão, confiando na sabedoria divina para a salvação.
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