William Lane Craig (1949-), nascido em 23 de agosto de 1949 em Peoria, Illinois, é um eminente filósofo, teólogo e apologista cristão norte-americano cuja obra tem moldado o diálogo contemporâneo entre fé e razão. Especializado em filosofia da religião, metafísica e filosofia do tempo, Craig também se destacou em estudos sobre o Jesus histórico e teologia filosófica. Suas contribuições para o argumento cosmológico kalam, a historicidade da ressurreição de Jesus, a onisciência divina e a asseidade de Deus refletem um compromisso rigoroso com a verdade cristã, articulado com precisão acadêmica. Autor de obras como Reasonable Faith e The Kalam Cosmological Argument, Craig é reconhecido por sua habilidade em debates, enfrentando renomados pensadores como Antony Flew, Lawrence Krauss e Bart Ehrman. Como cristão, ele vê a apologética como um serviço à fé, defendendo a coerência do teísmo em um mundo cético, enquanto sua administração acadêmica demonstra uma dedicação incansável à formação de mentes para o Evangelho.
Filho de Mallory e Doris Craig, segundo de três irmãos, Craig cresceu em um ambiente modesto, mudando-se para Keokuk, Iowa, devido ao trabalho de seu pai nas ferrovias, antes de retornar a East Peoria em 1960. Durante o ensino médio na East Peoria Community High School (1963-1967), destacou-se como orador e debatedor, conquistando o campeonato estadual de oratória em seu último ano. Sua conversão ao cristianismo, aos 16 anos, foi um marco transformador, reorientando sua vida para a defesa da fé. Em 1971, formou-se em comunicações pelo Wheaton College, uma instituição evangélica, onde foi influenciado pelo filósofo Stuart Hackett e pelo livro Introduction to Christian Apologetics, de Francis Schaeffer, que despertou seu interesse pela apologética. Em 1972, casou-se com Jan, conhecida durante seu trabalho na Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo.
Craig prosseguiu seus estudos na Trinity Evangelical Divinity School, obtendo mestrados em filosofia da religião e história da Igreja, sob a orientação de Norman Geisler, David Wells e outros. Em 1975, iniciou seu doutorado em filosofia na Universidade de Birmingham, Inglaterra, sob John Hick, focando no argumento cosmológico kalam. Sua tese resultou no livro The Kalam Cosmological Argument (1979), uma defesa robusta da existência de uma causa primeira. Em 1978, uma bolsa da Fundação Alexander von Humboldt permitiu-lhe realizar pesquisas pós-doutorais sobre a ressurreição de Jesus na Ludwig-Maximilians-Universität, em Munique, sob Wolfhart Pannenberg, culminando em um segundo doutorado em teologia em 1984 e na publicação de The Historical Argument for the Resurrection of Jesus during the Deist Controversy (1985).
Em 1980, Craig ingressou no corpo docente da Trinity Evangelical Divinity School, onde lecionou filosofia da religião por sete anos, iniciando estudos sobre os atributos divinos, com ênfase na onisciência, que resultaram em Divine Foreknowledge and Human Freedom (1990). Após um ano no Westmont College, mudou-se para a Bélgica, onde, como pesquisador visitante na Universidade Católica de Louvain, produziu sete livros, incluindo God, Time, and Eternity (2001). Desde 1994, é professor pesquisador de filosofia na Talbot School of Theology, em Los Angeles, posição que mantém até hoje. Sua carreira é marcada por debates públicos, nos quais defende a existência de Deus, a moralidade teísta e a ressurreição de Jesus contra figuras como Richard Dawkins, Sam Harris e Christopher Hitchens, demonstrando clareza lógica e erudição teológica.
No campo filosófico, Craig revitalizou o argumento cosmológico kalam, que postula que o universo, por ter um início, requer uma causa atemporal, imaterial e pessoal. Ele defende a premissa “o universo começou a existir” com argumentos metafísicos, como a impossibilidade de um infinito atual, ilustrada pelo paradoxo do Hotel de Hilbert, e evidências científicas, como a expansão cósmica e as propriedades termodinâmicas do universo, apoiadas pelo teorema de Borde-Guth-Vilenkin. Na onisciência divina, Craig aborda a compatibilidade entre presciência e liberdade humana, rejeitando o fatalismo teológico e adotando o molinismo, que postula o “conhecimento médio” de Deus sobre contrafactuais da liberdade. Em filosofia do tempo, ele defende a teoria A (flexiva), argumentando que a temporalidade divina começou com a criação, com o tempo cósmico como medida da eternidade de Deus.
Sobre a ressurreição de Jesus, Craig apresenta evidências históricas — a tumba vazia, as aparições pós-morte e a crença dos discípulos — argumentando que a hipótese da ressurreição é a melhor explicação, superando teorias como a da alucinação. Atualmente, sua pesquisa explora a asseidade divina frente ao platonismo, rejeitando o criacionismo de objetos abstratos e propondo perspectivas nominalistas, como o ficcionalismo. Como cristão, Craig enxerga sua obra como uma defesa racional da fé, enraizada na convicção de que a verdade de Cristo é acessível à razão. Sua administração acadêmica, aliada a uma produção prolífica e a um engajamento público, consolidou-o como uma voz central na apologética contemporânea, inspirando uma geração a buscar a coerência do teísmo em diálogo com a ciência e a filosofia.