O trono no céu.
¹Depois destas coisas, olhei, e eis que uma porta estava aberta no céu; e a primeira voz que ouvi foi como de trombeta falando Comigo; a qual dizia: Suba para cá, e Eu lhe mostrarei as coisas que devem acontecer depois destas. ²E imediatamente eu estava em espírito; e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono. ³E Aquele que estava assentado era, no aspecto, semelhante à pedra de jaspe e de sardônica; e havia ao redor do trono um arco-íris, semelhante, no aspecto, à esmeralda. ⁴E ao redor do trono havia vinte e quatro assentos; e sobre os assentos vi vinte e quatro anciãos assentados, vestidos de vestes brancas; e tinham sobre as suas cabeças coroas de ouro. ⁵E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.
⁶E diante do trono havia um mar de vidro, semelhante ao cristal; e no meio do trono, e ao redor do trono, quatro seres viventes cheios de olhos, por diante e por detrás. ⁷E o primeiro ser vivente era semelhante a um leão, e o segundo ser vivente, semelhante a um bezerro, e o terceiro ser vivente tinha um rosto como de homem, e o quarto ser vivente era semelhante a uma águia voando. ⁸E os quatro seres viventes tinham, cada um deles, seis asas ao redor; e por dentro estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo, Senhor Deus Todo-Poderoso, que era, e é, e há de vir.
⁹E quando aqueles seres viventes dão glória, e honra, e ações de graças Àquele que está assentado sobre o trono, que vive para todo o sempre, ¹⁰os vinte e quatro anciãos prostram-se diante d’Aquele que está assentado sobre o trono, e adoram Aquele que vive para todo o sempre, e lançam as suas coroas diante do trono, dizendo: ¹¹Digno és, ó Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque Tu criaste todas as coisas, e para Teu prazer elas são e foram criadas.
O quarto capítulo do Livro do Apocalipse marca a transição das mensagens às sete igrejas para uma visão celestial que revela a soberania divina. Escrito em grego koiné por volta de 95 d.C., durante o reinado de Domiciano, o texto é preservado em manuscritos como o Codex Sinaiticus (330–360 d.C.), Uncial 0169 (século IV) e Codex Alexandrinus (400–440 d.C.). Tradicionalmente atribuído a João, o Apóstolo, a autoria permanece debatida, com estudiosos sugerindo um autor da comunidade joanina devido a diferenças estilísticas. Dividido em 11 versículos, o capítulo apresenta a sala do trono de Deus, ecoando visões proféticas do Antigo Testamento, como Isaías 6:3 e Ezequiel 1, e enfatiza a adoração celestial como modelo para a Igreja. A visão reforça a centralidade de Deus como Criador, cuja autoridade é a realidade última, a ser manifestada na terra.
João é chamado ao céu por uma voz como trombeta (4:1), após as cartas às igrejas, para contemplar “o que deve acontecer depois” (cf. Apocalipse 1:19). Ele vê um trono envolto em glória, com um arco-íris, relâmpagos e um mar de cristal (4:3–6), imagens que remetem à Aliança (Gênesis 9:13–17), à teofania do Sinai (Êxodo 19:16) e ao templo de Salomão (1 Reis 7:23). Os quatro seres viventes, com seis asas e cheios de olhos (4:8), combinam traços de querubins (Ezequiel 1) e serafins (Isaías 6), proclamando incessantemente “Santo, santo, santo” ao Senhor Todo-Poderoso. Tradicionalmente associados aos evangelistas (Mateus, Marcos, Lucas e João), eles simbolizam as qualidades de Cristo e servem como sacerdotes celestiais. Os vinte e quatro ancianos, representando a Igreja triunfante do antigo e novo Israel, lançam suas coroas diante do trono (4:10), reconhecendo que toda glória pertence a Deus.
A adoração descrita unifica céu e terra, com os ancianos e seres viventes exaltando Deus como Criador de todas as coisas (4:11). Essa liturgia celestial, refletida na Eucaristia terrena, especialmente no Sanctus, convida a Igreja peregrina a participar da glorificação divina. O capítulo estabelece o fundamento teológico para as visões subsequentes, que detalharão o plano redentor de Deus, desde os juízos até a vitória final do Reino (Apocalipse 21:5). A soberania divina, simbolizada pelo trono, oferece esperança às comunidades cristãs enfrentando perseguições, assegurando que a vontade de Deus prevalecerá. Apocalipse 4 exorta à fidelidade, unindo a Igreja militante à celestial em louvor ao Deus eterno.
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