O livro selado e o Cordeiro que venceu.
¹E vi na mão direita d’Aquele que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos. ²E vi um anjo forte, clamando com grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de soltar os seus selos? ³E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem sequer olhar para ele. ⁴E eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir e de ler o livro, nem de olhar para ele.
⁵E um dos anciãos disse-me: Não chore; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e para soltar os seus sete selos.
⁶E olhei, e eis que, no meio do trono e dos quatro seres viventes e no meio dos anciãos, estava um Cordeiro como que tinha sido morto, tendo sete chifres e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados a toda a terra. ⁷E Ele veio e tomou o livro da mão direita d’Aquele que estava assentado sobre o trono.
A adoração ao Cordeiro Digno.
⁸E, quando Ele tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles harpas e taças de ouro cheias de odores, que são as orações dos santos. ⁹E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque Tu foste morto, e nos redimiste para Deus com Teu sangue, de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; ¹⁰e nos fizeste reis e sacerdotes para o nosso Deus; e reinaremos sobre a terra.
¹¹E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos seres viventes, e dos anciãos; e o número deles era dez milhares de milhares, e milhares de milhares, ¹²dizendo com grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e bênção.
¹³E ouvi toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e as que estão no mar, e todas as coisas que neles há, dizendo: Bênção, e honra, e glória, e poder sejam Àquele que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, para todo o sempre. ¹⁴E os quatro seres viventes disseram: Amém. E os vinte e quatro anciãos prostraram-se e adoraram Aquele que vive para todo o sempre.
O quinto capítulo do Livro do Apocalipse apresenta uma visão celestial que exalta a dignidade de Cristo como o Cordeiro redentor. Escrito em grego koiné por volta de 95 d.C., sob o reinado de Domiciano, o texto é preservado em manuscritos como o Papiro 115 (c. 275 d.C.), Codex Sinaiticus (330–360 d.C.) e Codex Alexandrinus (400–440 d.C.). Embora tradicionalmente atribuído a João, o Apóstolo, a autoria é debatida, com estudiosos sugerindo um autor da comunidade joanina devido a diferenças estilísticas. Dividido em 14 versículos, o capítulo centra-se no Cordeiro, que, por sua vitória na cruz, é digno de abrir o rolo selado, simbolizando o plano divino. Alusões ao Antigo Testamento, como Gênesis 49:9 e Isaías 11:10, reforçam a identidade messiânica de Cristo, unindo a visão à tradição profética.
João contempla um rolo na mão direita daquele que está no trono, selado com sete selos (5:1), representando os decretos divinos para a história (cf. Salmo 139:16). Inicialmente, ninguém é encontrado digno de abri-lo, causando angústia (5:4), mas um ancião proclama que o “Leão da tribo de Judá” e “Raiz de Davi” venceu (5:5). Surpreendentemente, o Leão é revelado como um Cordeiro imolado (5:6), com sete chifres e sete olhos, simbolizando poder e sabedoria perfeitos, e os sete espíritos de Deus. Essa imagem ecoa João 1:29 e Zacarias 13:6, destacando Cristo como vítima sacrificial e vitoriosa. A adoração começa com os quatro seres viventes e os vinte e quatro ancianos, que oferecem as orações dos santos (5:8), seguidos por uma multidão angélica (5:11) que exalta o Cordeiro com sete atributos divinos (5:12).
A visão culmina em uma adoração universal, com toda a criação — no céu, na terra e no mar — proclamando bênção, honra e glória ao que está no trono e ao Cordeiro (5:13). Os seres viventes dizem “Amém”, e os ancianos se prostram (5:14), afirmando a divindade de Cristo, equiparável ao Pai. A cena reflete a liturgia celestial, que inspira a Eucaristia terrena, unindo a Igreja militante à triunfante. Apocalipse 5 sublinha a centralidade de Cristo como Redentor, cuja vitória abre o caminho para a realização do Reino de Deus, oferecendo esperança às comunidades cristãs perseguidas e reforçando a chamada à fidelidade.
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