Submetam-se a Deus.
¹De onde vêm as guerras e brigas entre vocês? Não vêm das paixões que guerreiam dentro de vocês mesmos? ²Vocês cobiçam, mas não têm; matam, sentem inveja e não podem obter o que desejam; brigam e fazem guerra. Vocês não têm porque não pedem. ³Pedem, mas não recebem, porque pedem mal, para gastarem com os próprios prazeres.
⁴Gente infiel, não sabem que a amizade com o mundo é inimizade contra Deus? Portanto, quem quiser ser amigo do mundo se torna inimigo de Deus. ⁵Ou acham que é em vão que a Escritura diz: “O Espírito que habita em nós anseia com ciúmes”? ⁶Mas Ele concede graça maior. Por isso diz: “Deus resiste aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes”.
⁷Sujeitem-se, portanto, a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês. ⁸Aproximem-se de Deus, e Ele se aproximará de vocês. Limpem as mãos, pecadores, e purifiquem o coração, vocês que têm mente dividida. ⁹Reconheçam a sua miséria, lamentem e chorem. Que o riso de vocês se transforme em pranto, e a alegria, em tristeza. ¹⁰Humilhem-se diante do Senhor, e Ele os exaltará.
¹¹Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala mal do irmão ou julga o irmão, fala contra a Lei e julga a Lei; mas, se você julga a Lei, não é cumpridor da Lei, e sim juiz. ¹²Há apenas um Legislador e Juiz, Aquele que pode salvar e destruir. Quem é você para julgar o próximo.
Não se vanglorie do amanhã.
¹³Ouçam, agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, passaremos ali um ano, negociaremos e lucraremos”, ¹⁴sem saber o que acontecerá amanhã. O que é a vida de vocês? É como neblina que aparece por um pouco de tempo e logo se dissipa. ¹⁵Em vez disso, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. ¹⁶Agora, porém, vocês se vangloriam em suas arrogantes pretensões. Toda essa jactância é maligna. ¹⁷Portanto, quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando.
A Epístola de Tiago avança em seu quarto capítulo com uma análise penetrante das causas dos conflitos humanos e uma exortação à humildade e dependência de Deus. Escrita em grego koiné, com 17 versículos, e preservada em manuscritos como o Papiro 100 (final do século III), Codex Vaticanus (325-350 d.C.) e Codex Sinaiticus (330-360 d.C.), a epístola é tradicionalmente situada entre 48 e 61 d.C., em Jerusalém, embora alguns a considerem pseudepígrafa, posterior a 61 d.C. Dirigida às “doze tribos na dispersão” (Tiago 1:1), a carta reflete o contexto de comunidades judaico-cristãs enfrentando divisões internas e pressões externas. O capítulo 4 prossegue a ênfase do capítulo anterior sobre a sabedoria divina, condenando a soberba, a murmuração e a confiança nas riquezas, enquanto convoca os crentes à submissão a Deus.
Os versículos 1 a 6 identificam as paixões desordenadas, como a cobiça e a inveja, como fontes de conflitos entre os cristãos (Tiago 4:1-2). A amizade com o mundo, descrita como adultério espiritual (Tiago 4:4), opõe-se à fidelidade a Deus, que deseja o amor exclusivo de seus filhos. A referência ao “Espírito que habita em nós” (Tiago 4:5), embora sem citação exata, ecoa a ideia de um Deus zeloso (Êxodo 20:5). Citando Provérbios 3:34 (Septuaginta), Tiago afirma que Deus resiste aos soberbos, mas concede graça aos humildes (Tiago 4:6). Essa graça capacita os crentes a resistirem às tentações mundanas, alinhando-se com a ética cristã de renúncia ao egoísmo.
Nos versículos 7 a 12, Tiago exorta à submissão a Deus e à resistência ao diabo, prometendo a fuga deste último (Tiago 4:7). A purificação interior e o arrependimento são essenciais para a aproximação de Deus (Tiago 4:8-10). A advertência contra julgar o próximo (Tiago 4:11-12) reforça que apenas Deus é o Legislador e Juiz supremo (cf. Romanos 14:4), destacando a humildade como virtude cristã central. Os versículos 13 a 17 criticam a arrogância de planejar o futuro sem considerar a vontade divina, comparando a vida humana a um vapor fugaz (Tiago 4:14). A omissão do bem conhecido é pecado (Tiago 4:17), ecoando a responsabilidade cristã de viver sob a providência divina. Tiago 4, sustentado por testemunhos textuais antigos, convoca à humildade e à confiança em Deus, rejeitando a autossuficiência e promovendo uma vida de obediência e paz.
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