Isaac Newton (1642-1727), nascido em 25 de dezembro de 1642 em Woolsthorpe, Lincolnshire, e falecido em 31 de março de 1727 em Londres, foi um polímata inglês cuja obra revolucionou a ciência moderna. Matemático, físico, astrônomo, teólogo e alquimista, ele foi uma figura central na Revolução Científica e no Iluminismo. Sua obra-prima, Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica, publicada em 1687, unificou conceitos de mecânica e gravitação, estabelecendo as bases da física clássica. Além disso, Newton fez contribuições fundamentais à óptica, ao cálculo infinitesimal e ao método científico, moldando o entendimento do universo com uma abordagem racional que refletia sua fé cristã, embora heterodoxa. Sua devoção à busca da verdade, tanto na ciência quanto na teologia, marcou-o como um pensador singular, cuja influência perdura.
Filho póstumo de um agricultor, Newton nasceu prematuro em uma família anglicana. Após a morte de seu pai, sua mãe, Hannah Ayscough, casou-se novamente, deixando-o aos cuidados da avó materna. Essa separação gerou ressentimentos, evidenciados em anotações pessoais onde confessava hostilidade ao padrasto. Educado na King’s School em Grantham, ele demonstrou talento para matemática e mecânica, construindo relógios solares e modelos de moinhos. Aos 18 anos, ingressou no Trinity College, Cambridge, onde estudou Aristóteles, mas logo se interessou por filósofos modernos como Descartes e astrônomos como Galileu. Em 1665, durante o fechamento da universidade devido à Grande Peste, Newton retornou a Woolsthorpe, onde, em dois anos de intensa reflexão, desenvolveu as bases do cálculo, da óptica e da gravitação. A observação de uma maçã caindo, segundo ele próprio, inspirou sua teoria da gravitação universal, que explicava tanto o movimento terrestre quanto o celestial.
De volta a Cambridge, Newton foi eleito fellow do Trinity College em 1667 e, em 1669, tornou-se o segundo Professor Lucasiano de Matemática, sucedendo Isaac Barrow. Sua fé cristã, porém, era não convencional: ele rejeitava a doutrina da Trindade, considerando-a idolatria, e obteve dispensa real para evitar a ordenação anglicana obrigatória. Sua obra científica floresceu com a publicação do Principia, que apresentou as três leis do movimento e a lei da gravitação universal. Essas formulações explicaram fenômenos como as órbitas planetárias, as marés e a precessão dos equinócios, confirmando o heliocentrismo e superando sistemas anteriores. Em óptica, suas experiências com prismas, detalhadas em Opticks (1704), demonstraram que a luz branca é composta por cores espectrais, refutando teorias anteriores. Ele também construiu o primeiro telescópio refletor funcional, eliminando a aberração cromática, e antecipou conceitos como a dualidade onda-partícula da luz.
Além da ciência, Newton dedicou-se à alquimia e à teologia, áreas que via como complementares à sua busca pela ordem divina no universo. Seus estudos bíblicos, como An Historical Account of Two Notable Corruptions of Scripture, questionavam a autenticidade de passagens trinitárias, mas permaneceram inéditos em vida por receio de controvérsias. Na alquimia, ele explorou transmutações e forças ocultas, influenciado por pensadores como Henry More, produzindo cerca de um milhão de palavras, muitas das quais só foram publicadas no século XX. Sua visão teológica rejeitava o panteísmo e enfatizava um universo ordenado por um Deus racional, cuja intervenção era necessária para corrigir instabilidades cósmicas, uma ideia que gerou críticas de Leibniz.
Na vida pública, Newton serviu como membro do Parlamento por Cambridge em 1689 e 1701, mas sua atuação foi discreta. Em 1696, assumiu o cargo de Guardião da Casa da Moeda Real, tornando-se Mestre em 1699. Com rigor, reformou a cunhagem britânica, reduzindo falsificações e padronizando moedas, o que salvou milhões para o Tesouro. Como presidente da Royal Society a partir de 1703, ele consolidou sua influência, embora tenha gerado conflitos, como com o astrônomo John Flamsteed. Agraciado cavaleiro pela rainha Ana em 1705, Newton passou seus últimos anos em Londres, onde continuou suas pesquisas até sua morte. Solteiro e reservado, ele legou sua fortuna a parentes e morreu sem testamento, sendo sepultado na Abadia de Westminster, um reconhecimento de sua estatura intelectual.
O legado de Newton transcende a ciência. Suas leis do movimento e gravitação sustentaram avanços tecnológicos por séculos, enquanto sua abordagem empírica ao método científico tornou-se um modelo para a modernidade. Na matemática, ele desenvolveu o cálculo (independentemente de Leibniz), generalizou o teorema binomial e classificou curvas cúbicas. Na física, formulou leis de resfriamento e introduziu conceitos como fluidos newtonianos e corpos negros. Sua espiritualidade, embora heterodoxa, refletia uma crença na harmonia entre razão e fé, vendo na ordem do cosmos a manifestação da vontade divina. Reconhecido por contemporâneos como Lagrange e Voltaire, Newton foi celebrado como o maior gênio científico, cuja obra, segundo Alexander Pope, trouxe luz às leis da natureza. Sua influência no Iluminismo foi profunda, inspirando ideias de lei natural em filosofia, economia e política, e seu nome permanece sinônimo de excelência intelectual.