Martin Luther King Jr. (1929-1968), nascido em 15 de janeiro de 1929, em Atlanta, Geórgia, e tragicamente assassinado em 4 de abril de 1968, em Memphis, Tennessee, foi um pastor batista, ativista e pensador político cuja vida foi dedicada à luta pela igualdade racial nos Estados Unidos. Como líder proeminente do movimento pelos direitos civis entre 1955 e 1968, ele se destacou pela defesa da resistência não violenta, inspirada nos ensinamentos de Jesus Cristo e nas estratégias de Mahatma Gandhi, confrontando as leis segregacionistas de Jim Crow e outras formas de discriminação institucionalizada. Sua fé cristã, enraizada no amor ao próximo e na justiça divina, guiou suas ações, enquanto sua habilidade organizacional e oratória transformaram-no em um símbolo global de esperança e transformação.
Filho de Michael King Sr., pastor da Igreja Batista Ebenezer, e Alberta Williams King, Martin cresceu em um lar profundamente religioso e estruturado. Sua educação inicial em Atlanta, marcada por uma sólida formação em história, inglês e sociologia, foi complementada por sua vivência em uma comunidade afro-americana que enfrentava as humilhações diárias do racismo. Desde cedo, ele testemunhou a resiliência de seu pai contra a segregação, como quando este se recusou a aceitar tratamento desigual em uma loja. Aos 15 anos, King ingressou no Morehouse College, onde, sob a influência do presidente Benjamin Mays, decidiu seguir a vocação ministerial. Sua formação teológica continuou no Seminário Teológico Crozer, na Pensilvânia, e na Universidade de Boston, onde obteve um doutorado em teologia sistemática em 1955, com uma dissertação que, embora posteriormente criticada por plágio, demonstrou sua capacidade analítica e compromisso com a reflexão teológica.
O papel de King no movimento pelos direitos civis ganhou destaque durante o boicote aos ônibus de Montgomery, em 1955, desencadeado pela recusa de Rosa Parks em ceder seu assento a um passageiro branco. Como pastor da Igreja Batista da Avenida Dexter, ele liderou a comunidade afro-americana em uma campanha de 385 dias, organizando transporte alternativo e enfrentando ameaças, incluindo um atentado a bomba contra sua casa. O sucesso do boicote, que culminou na desseguração dos ônibus, revelou sua capacidade de mobilizar massas com disciplina e fé. Em 1957, King cofundou a Conferência de Liderança Cristã do Sul (SCLC), uma organização que canalizava a autoridade moral das igrejas afro-americanas para promover protestos pacíficos, enfatizando a dignidade humana como reflexo da vontade divina.
Ao longo da década de 1960, King liderou campanhas que marcaram a história americana. Em Albany, Geórgia, embora a campanha de 1961-1962 tenha enfrentado dificuldades devido à resistência astuta das autoridades locais, ela serviu como aprendizado tático. Em Birmingham, Alabama, em 1963, sua estratégia de provocar crises controladas através de marchas e ocupações resultou em imagens chocantes de violência policial, sensibilizando a opinião pública nacional. Preso durante essa campanha, ele escreveu a célebre "Carta da Cadeia de Birmingham", um tratado teológico e político que defendia a urgência da justiça frente à paciência dos moderados. A Marcha sobre Washington, no mesmo ano, consagrou-o com o discurso "Eu Tenho um Sonho", uma visão profética de unidade racial ancorada nos princípios cristãos de fraternidade e igualdade. Em Selma, Alabama, em 1965, sua liderança nas marchas pelo direito ao voto enfrentou repressão brutal, mas culminou na aprovação da Lei dos Direitos de Voto, um marco legislativo.
King também expandiu sua visão para questões além da segregação racial. Nos últimos anos, ele se opôs à Guerra do Vietnã, criticando o desvio de recursos que poderiam aliviar a pobreza, e lançou a Campanha dos Pobres, planejando uma ocupação pacífica de Washington para exigir justiça econômica. Sua abordagem, sempre fundamentada na não violência, enfrentou críticas de ativistas mais radicais, como Malcolm X e Stokely Carmichael, que questionavam a eficácia de apelar à consciência de uma nação marcada pelo racismo. Contudo, King permaneceu fiel à sua convicção de que o amor cristão, expresso através da resistência pacífica, poderia transformar corações e sistemas. Sua habilidade técnica em coordenar campanhas, negociar com autoridades e articular demandas legislativas complementava sua espiritualidade, que via na luta pelos direitos civis uma extensão do mandato evangélico de servir aos marginalizados.
A vida de King foi marcada por intensa vigilância estatal. O FBI, sob J. Edgar Hoover, considerava-o uma ameaça, investigando-o por supostas ligações comunistas e expondo detalhes de sua vida pessoal para descreditá-lo. Apesar dessas pressões, ele permaneceu resiliente, guiado por uma fé que transcendia o medo. Em 1964, aos 35 anos, tornou-se o mais jovem laureado com o Prêmio Nobel da Paz, reconhecido por sua luta não violenta contra a desigualdade racial. Sua morte, aos 39 anos, por um disparo enquanto apoiava uma greve de trabalhadores em Memphis, desencadeou luto nacional e revoltas urbanas. Embora James Earl Ray tenha sido condenado pelo assassinato, teorias de conspiração persistem, alimentadas por investigações posteriores que sugeriram envolvimento de agências governamentais, embora sem provas conclusivas.
O legado de King transcende sua época. Suas ideias inspiraram movimentos globais, como a luta contra o apartheid na África do Sul e os direitos civis na Irlanda do Norte. Nos Estados Unidos, ele é homenageado com um feriado nacional, estátuas e memoriais, como o no National Mall. Sua canonização pela Igreja Cristã Ortodoxa em 2016 reflete sua estatura como mártir da justiça. Como pastor, ele viu na cruz de Cristo o modelo para suportar o sofrimento em prol dos outros; como estrategista, demonstrou precisão em mobilizar comunidades e pressionar por mudanças legislativas. Sua vida, um equilíbrio entre contemplação espiritual e ação prática, continua a desafiar o mundo a buscar a justiça com coragem e compaixão.