O sétimo selo.
¹E, quando Ele abriu o sétimo selo, fez-se silêncio no céu, por quase meia hora. ²E vi os sete anjos que estavam diante de Deus, e foram-lhes dadas sete trombetas. ³E outro anjo veio, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para que o oferecesse com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que estava diante do trono. ⁴E a fumaça do incenso, que veio com as orações dos santos, subiu da mão do anjo diante de Deus. ⁵E o anjo tomou o incensário, e o encheu do fogo do altar, e o lançou na terra; e houve vozes, e trovões, e relâmpagos, e um terremoto. ⁶E os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocá-las.
A primeira trombeta.
⁷O primeiro anjo tocou a trombeta, e seguiu-se saraiva e fogo misturados com sangue, e foram lançados na terra; e a terça parte das árvores se queimou, e toda a erva verde se queimou.
A segunda trombeta.
⁸E o segundo anjo tocou a trombeta, e como que uma grande montanha ardendo em fogo foi lançada no mar; e a terça parte do mar tornou-se em sangue; ⁹e morreu a terça parte das criaturas que estavam no mar, e tinham vida; e a terça parte dos navios foi destruída.
A terceira trombeta.
¹⁰E o terceiro anjo tocou a trombeta, e caiu do céu uma grande estrela, ardendo como uma lâmpada, e caiu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas; ¹¹e o nome da estrela é Absinto; e a terça parte das águas tornou-se em absinto; e muitos homens morreram das águas, porque se tornaram amargas.
A quarta trombeta.
¹²E o quarto anjo tocou a trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, e a terça parte da lua, e a terça parte das estrelas; para que a terça parte deles se escurecesse, e o dia não brilhasse por sua terça parte, e semelhantemente a noite.
¹³E olhei, e ouvi um anjo voando pelo meio do céu, dizendo com grande voz: Ai, ai, ai dos que habitam na terra, por causa das outras vozes da trombeta dos três anjos que ainda hão de tocar!
O oitavo capítulo do Livro do Apocalipse marca a conclusão da abertura dos sete selos e introduz o ciclo das sete trombetas, que anunciam os juízos divinos. Escrito em grego koiné por volta de 95 d.C., durante o reinado de Domiciano, o texto é preservado em manuscritos como o Papiro 115 (c. 275 d.C.), Codex Sinaiticus (330–360 d.C.), Codex Alexandrinus (400–440 d.C.) e Codex Ephraemi Rescriptus (c. 450 d.C.). Tradicionalmente atribuído a João, o Apóstolo, a autoria é debatida, com estudiosos sugerindo um autor da comunidade joanina devido a diferenças estilísticas. Dividido em 13 versículos, o capítulo descreve o silêncio celestial após o sétimo selo e as quatro primeiras trombetas, que afetam a criação, ecoando as pragas do Egito (cf. Êxodo 7–11). A visão reforça a soberania de Deus, cuja voz, simbolizada pelas trombetas, executa justiça sobre o pecado, enquanto convida a Igreja à perseverança.
A abertura do sétimo selo (8:1–5) provoca um silêncio de meia hora no céu (8:1), um momento de expectativa reverente, comparável às exortações proféticas ao silêncio diante de Deus (Habacuque 2:20; Zacarias 2:13). Esse silêncio reflete a oração contemplativa dos santos, simbolizada pelo incenso oferecido por um anjo no altar de ouro (8:3–4), que sobe com suas súplicas (cf. Salmo 141:2). Os sete anjos preparam-se para tocar as trombetas (8:2), sinalizando a voz divina que desencadeia juízos. As quatro primeiras trombetas (8:6–12) atingem um terço da criação: a terra, com granizo e fogo (8:7); o mar, transformado em sangue (8:8–9); as águas doces, envenenadas por uma estrela chamada Absinto (8:10–11); e os céus, com astros obscurecidos (8:12). Essas calamidades, maiores que as pragas egípcias, indicam a gravidade do pecado humano, mas também a misericórdia divina ao limitar o alcance.
A visão termina com um anjo, possivelmente descrito como águia em manuscritos como o Papiro 115 (8:13), proclamando três “ais” pelos juízos das trombetas restantes. Os “habitantes da terra” (8:13), aqueles que rejeitam a Deus, enfrentarão tribulações, enquanto os fiéis são chamados a confiar na proteção divina. A liturgia celestial, refletida na Eucaristia, une a Igreja terrena a essa realidade, exortando à fidelidade em meio às provações. Apocalipse 8 sublinha a justiça de Deus, que julga o pecado, mas também sua paciência, oferecendo esperança à Igreja perseguida de que o Reino se manifestará plenamente.
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