Francis Asbury (1745-1816) nasceu em 20 de agosto de 1745, em Staffordshire, Inglaterra, e sua vida seria marcada por uma dedicação incansável à propagação do evangelho metodista. Filho de pais humildes, cresceu em um ambiente simples, mas profundamente influenciado pela fé cristã. Desde cedo, demonstrou inclinação para a vida religiosa, sendo ordenado pregador leigo ainda jovem, aos 21 anos, algo incomum para a época. Seu compromisso com o metodismo foi moldado sobretudo pelas doutrinas de John Wesley, cujo foco na santificação pessoal e no serviço ao próximo se tornaria o cerne da missão de Asbury.
Em 1771, Asbury respondeu ao chamado de John Wesley para servir como missionário nos Estados Unidos, então colônia britânica. A decisão de partir foi impulsionada por sua convicção de que a pregação do evangelho deveria transcender fronteiras geográficas e culturais. Ao chegar à América, ele encontrou uma sociedade fragmentada por divisões políticas, econômicas e espirituais. Sempre adaptando suas mensagens às necessidades dos ouvintes, Asbury viajou extensivamente, enfrentando condições adversas, desde terrenos acidentados até climas hostis, sempre com o objetivo de levar a mensagem cristã às massas. Sua abordagem pastoral enfatizava a simplicidade e a acessibilidade, evitando formalismos que pudessem alienar os menos instruídos.
A contribuição de Asbury para o cristianismo americano foi inestimável. Ele desempenhou um papel central na organização do metodismo nos Estados Unidos, tornando-se o primeiro bispo metodista eleito no país em 1784, durante a Conferência de Natal, em Baltimore. Sob sua liderança, o metodismo se consolidou como uma força espiritual significativa, crescendo de algumas centenas de membros para mais de 200 mil ao longo de sua vida. Asbury insistia que o verdadeiro cristianismo não estava confinado aos templos, mas era vivido nas ações diárias de compaixão, disciplina moral e busca incessante por santidade. Essa visão atraiu muitos seguidores, especialmente entre as classes trabalhadoras, que encontraram nele um exemplo de devoção prática e fervorosa.
As viagens de Asbury pelos Estados Unidos são bem documentadas em seus diários e cartas, compilados em três volumes conhecidos como The Journal and Letters of Francis Asbury. Estes registros revelam não apenas sua trajetória missionária, mas também sua profunda introspecção espiritual. Ele viajava a cavalo, cobrindo distâncias impressionantes – estima-se que tenha percorrido cerca de 270 mil quilômetros ao longo de sua vida – e pregava em média quatro vezes por dia. Suas palavras eram marcadas por um estilo direto e acessível, refletindo sua crença de que o evangelho deveria ser compreendido por todos, independentemente de classe social ou nível educacional.
Além de sua pregação, Asbury foi um defensor da educação cristã e das artes práticas dentro da igreja. Ele incentivava seus seguidores a desenvolverem habilidades manuais e intelectuais, vendo essas atividades como extensões naturais do trabalho divino. Para ele, a fé deveria ser ativa e transformadora, não apenas uma questão de rituais vazios. Sua ênfase na santificação pessoal e na responsabilidade individual diante de Deus o colocou em posição de destaque no contexto religioso americano, onde o protestantismo começava a ganhar novas configurações após a independência do país.
Apesar de sua saúde frágil, Asbury manteve um ritmo implacável de trabalho missionário. Ele sofria frequentemente de problemas físicos causados pelas duras condições de suas viagens, mas raramente permitiu que isso interrompesse seu ministério. Em vez disso, via suas enfermidades como oportunidades de exercitar a paciência e a dependência de Deus, valores que ele constantemente enfatizava em seus sermões. Seu exemplo de perseverança inspirou muitos líderes religiosos que o sucederam, solidificando sua reputação como um dos principais arquitetos do metodismo americano.
Nos últimos anos de sua vida, Asbury continuou a supervisionar a expansão do metodismo nos Estados Unidos, mesmo quando sua saúde começou a declinar significativamente. Ele faleceu em 31 de março de 1816, deixando um legado duradouro na história do cristianismo americano. Sua morte foi profundamente lamentada por milhares de fiéis que o consideravam não apenas um líder espiritual, mas também um mentor e amigo. Asbury foi enterrado em Mount Olivet Cemetery, em Baltimore, Maryland, onde seu túmulo continua a ser um ponto de referência para aqueles que desejam homenagear sua memória.
A herança de Francis Asbury transcende seu tempo e lugar. Ele foi um pioneiro na adaptação do metodismo às realidades culturais e sociais da América, promovendo uma forma de cristianismo que valorizava tanto a piedade pessoal quanto o engajamento comunitário. Seus escritos, embora menos conhecidos do que seus feitos missionários, oferecem insights valiosos sobre sua filosofia pastoral e teológica. Asbury acreditava firmemente que o cristianismo deveria ser vivido de maneira prática e visível, moldando comunidades inteiras através da graça e da disciplina espiritual. Sua vida e obra permanecem como testemunhos do poder transformador da fé cristã, continuando a inspirar gerações de crentes em todo o mundo.
Francis Asbury (1745–1816), clérigo americano, nasceu em 20 de agosto de 1745, em Hamstead Bridge, na paróquia de Handsworth, perto de Birmingham, no condado de Staffordshire, Inglaterra. Seus pais eram pobres, e após um breve período de estudos na escola da vila de Barre, ele foi colocado como aprendiz, aos quatorze anos, em uma oficina de fabricação de “buckle chapes” (línguas ou presilhas de fivelas). É provável que seus pais tenham estado entre os primeiros convertidos de John Wesley; de todo modo, Francis converteu-se ao metodismo aos treze anos de idade e, aos dezesseis, já era pregador local. Era um orador simples e fluente, e teve tanto êxito que, em 1767, foi oficialmente incorporado por John Wesley como ministro itinerante regular.
Em 1771, voluntariou-se para o trabalho missionário nas colônias americanas. Quando desembarcou na Filadélfia, em outubro daquele ano, os convertidos ao metodismo — introduzido nas colônias apenas três anos antes — mal chegavam a trezentos. Asbury deu novo vigor ao movimento e, em apenas um ano, o número de membros nas várias congregações mais que dobrou. Em 1772, foi nomeado por Wesley como "assistente geral", responsável pelo trabalho nos Estados Unidos. Embora tenha sido substituído formalmente em 1773 por um pregador mais velho, Thomas Rankin (1738–1810), permaneceu, na prática, como a principal liderança.
Após o início da Guerra da Independência, os metodistas — que então já eram vários milhares — passaram, de forma injusta, a ser vistos com suspeita de lealdade à Coroa Britânica, especialmente por se recusarem a prestar o juramento exigido pelas autoridades. Muitos de seus ministros, incluindo Rankin, voltaram à Inglaterra. Asbury, porém, sentindo que sua vocação e dever estavam junto às colônias, permaneceu firme em seu posto. Mesmo sob ameaças constantes — chegando a ser preso uma vez —, continuou sua pregação itinerante. Contudo, a hostilidade das autoridades de Maryland acabou forçando-o ao exílio no estado vizinho de Delaware, onde viveu por dois anos de forma discreta, mas sem deixar de trabalhar.
Em 1782, foi novamente nomeado para supervisionar os assuntos das congregações metodistas nos Estados Unidos. Em 1784, John Wesley — ignorando a autoridade da Igreja Anglicana oficial — tomou a decisão radical de nomear o Rev. Thomas Coke (1747–1814) e Francis Asbury como superintendentes, ou "bispos", da igreja metodista nas colônias americanas. O Dr. Coke foi ordenado em Bristol, Inglaterra, em setembro, e no mês de dezembro seguinte, em uma conferência das igrejas americanas realizada em Baltimore, ele ordenou e consagrou Asbury. Este, porém, só aceitou o cargo depois que a escolha de Wesley foi ratificada pela própria conferência. Dessa conferência nasceu oficialmente a “Igreja Episcopal Metodista dos Estados Unidos da América”.
Asbury dedicou o restante de sua vida à consolidação dessa igreja, com incansável devoção e admirável energia. Em 1785, na cidade de Abingdon, Maryland, lançou a pedra fundamental do Cokesbury College — projeto idealizado junto com o Dr. Coke —, o primeiro colégio metodista episcopal da América. O edifício foi destruído por um incêndio em 1795, e o colégio foi então transferido para Baltimore, onde, após um novo incêndio em 1796, foi fechado. Em 1816, surgiu o Asbury College, que durou cerca de quinze anos.
Todos os anos, Asbury viajava por vastas regiões, quase sempre a cavalo. O maior testemunho de seu legado — que lhe valeu o título de “Pai do Metodismo Americano” — foi o crescimento impressionante da denominação: de apenas cerca de 300 convertidos dispersos e 4 pregadores em 1771, para uma igreja plenamente organizada, com 214 mil membros e mais de 2 mil ministros à época de sua morte, ocorrida em 31 de março de 1816, em Spottsylvania, Virgínia.
Fonte: Britannica.