A Epístola aos Filipenses, integrante do corpus paulino do Novo Testamento, é atribuída a Paulo de Tarso, com Timóteo como coautor ou coemissor, e endereçada à igreja de Filipos, na Macedônia, atual Grécia. Escrita em grego koiné, provavelmente em Roma por volta de 62 d.C., cerca de uma década após a fundação da comunidade durante a segunda viagem missionária de Paulo (50-52 d.C.; Atos 16:12-40), a carta é preservada em manuscritos como o Papiro 16 (século III), Codex Sinaiticus (330-360 d.C.), Codex Alexandrinus (400-440 d.C.) e Codex Ephraemi Rescriptus (c. 450 d.C.). Com quatro capítulos e 104 versículos, a epístola é considerada autêntica, mas possivelmente um compósito de três fragmentos de cartas: Carta A (4:10-20), uma nota de agradecimento; Carta B (1:1–3:1, possivelmente 4:4-9, 4:21-23), sobre a prisão de Paulo; e Carta C (3:2–4:1, possivelmente 4:2-3), rejeitando legalismos. Hipóteses alternativas sugerem Éfeso (52-55 d.C.) ou Cesareia Marítima (57-59 d.C.) como locais de escrita. A comunidade de Filipos, formada por gentios e judeus, enfrentava tensões, como a prisão de Paulo e Silas por “perturbar a cidade” (Atos 16:20). A epístola enfatiza alegria, unidade, humildade cristã e esperança escatológica, enraizadas na graça divina. Mudanças abruptas de tom e inconsistências cronológicas, como a situação de Epafrodito (2:25-30; 4:18), reforçam a teoria da composição fragmentada, provavelmente compilada por um coletor inicial do corpus paulino.
A epístola estrutura-se em saudações e ação de graças (1:1-11), reflexões sobre a prisão de Paulo (1:12-26), exortações à santificação (1:27–2:30), questões doutrinárias contra o legalismo (3:1–4:1) e um pós-escrito com exortações e agradecimentos (4:2-23). No capítulo 1, Paulo saúda os “santos” de Filipos, incluindo “bispos e diáconos” (1:1), e ora pela sua maturidade espiritual (1:9-11). No capítulo 2, o poema cristológico (2:5-11), possivelmente um credo pré-paulino, exalta a humildade e exaltação de Cristo, com paralelos a Adão (Gênesis 1:26). No capítulo 3, Paulo rejeita a circuncisão como requisito salvífico, considerando seus méritos farisaicos “esterco” diante de Cristo (3:8). No capítulo 4, ele apela à harmonia entre Euodia e Síntique (4:2-3), exorta à alegria e paz (4:4-9), agradece os donativos (4:10-20) e menciona a “casa de César” (4:22). Passagens como Filipenses 2:5-11 e 4:4-7 integram lecionários cristãos, como o Missal Romano e o Livro de Oração Comum. João Crisóstomo destaca que a alegria de Paulo, mesmo preso, reflete a confiança em Cristo. A epístola convoca à unidade, à perseverança e à esperança na cidadania celestial, fundamentadas na obra redentora de Cristo e no poder do Espírito.