Cristo, Sumo Sacerdote segundo Melquisedeque.
¹Todo sumo sacerdote, escolhido dentre os seres humanos, é constituído em favor deles nas questões relativas a Deus, a fim de oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. ²Ele pode mostrar compaixão pelos que são ignorantes e se desviam, porque também está sujeito à fraqueza. ³Por isso, deve oferecer sacrifícios pelos pecados, tanto por si mesmo como pelo povo. ⁴Ninguém toma essa honra para si mesmo, senão aquele que é chamado por Deus, como foi Arão.
⁵Assim também o Cristo não se glorificou a si mesmo para ser feito sumo sacerdote, mas Aquele que lhe disse: "Você é meu Filho, hoje Eu o gerei." ⁶E, como também diz em outro lugar: "Você é sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque". ⁷Durante os dias da sua vida terrena, Ele ofereceu orações e súplicas, com forte clamor e lágrimas, Àquele que podia salvá-lo da morte, e foi ouvido por causa do seu temor. ⁸Embora fosse Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu. ⁹E, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem, ¹⁰sendo declarado por Deus sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque.
A imaturidade espiritual dos ouvintes.
¹¹A esse respeito temos muitas coisas a dizer, difíceis de explicar, porque vocês se tornaram lentos para ouvir. ¹²Pois, embora a essa altura já devessem ser mestres, ainda precisam que alguém lhes ensine de novo os princípios elementares das palavras de Deus; se tornaram como pessoas que precisam de leite, e não de alimento sólido. ¹³Quem se alimenta de leite ainda é criança e não tem experiência com a palavra da justiça. ¹⁴Mas o alimento sólido é para os adultos, isto é, aqueles que, pelo exercício constante, têm os sentidos treinados para discernir tanto o bem como o mal.
A epístola aos Hebreus apresenta em seu quinto capítulo uma reflexão teológica sobre o sacerdócio de Cristo e um chamado à maturidade espiritual. Escrito em grego koiné e preservado em manuscritos como o Papiro 46 (séculos II-III), Codex Vaticanus (325-350 d.C.) e Codex Sinaiticus (330-360 d.C.), o texto, com seus 14 versos, desenvolve a imagem de Cristo como Sumo Sacerdote, superando as qualificações do sacerdócio levítico. Nos versos iniciais (Hebreus 5:1-10), o autor delineia os requisitos do sumo sacerdote no Antigo Testamento: ser humano, chamado por Deus e oferecer sacrifícios pelos pecados (Êxodo 28:1; Levítico 8:1). Cristo, porém, é apresentado como o Sumo Sacerdote perfeito, designado por Deus, conforme Salmos 2:7 e 110:4, que o declaram Filho e sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque. Sua capacidade de compadecer-se das fraquezas humanas, sem jamais pecar (Hebreus 4:15), e sua obediência, aprendida pelo sofrimento (Hebreus 5:7-8), o qualificam como a fonte de salvação eterna para os que lhe obedecem.
Na segunda seção (Hebreus 5:11-14), o autor adverte os leitores sobre sua imaturidade espiritual, lamentando sua incapacidade de assimilar ensinos mais profundos. Embora devessem ser mestres, capazes de ensinar a fé (cf. Hebreus 3:13; 1 Pedro 3:15), eles ainda necessitam do “leite” dos princípios elementares, em vez do “alimento sólido” que promove crescimento espiritual. Essa metáfora reflete a necessidade de avançar além das bases iniciais da fé cristã, interpretando as Escrituras de maneira mais profunda. A menção aos “primeiros princípios dos oráculos de Deus” sugere diretrizes para compreender a revelação divina sob a perspectiva cristã, um desafio que os leitores relutam em enfrentar.
Hebreus 5, apoiado por testemunhos textuais antigos e citações de Salmos, enfatiza a singularidade do sacerdócio de Cristo, que transcende o modelo levítico, e a urgência de os crentes progredirem na fé. A exortação à maturidade espiritual é um convite a abandonar a estagnação, buscando compreender e aplicar as verdades mais profundas do evangelho. Cristo, como Sumo Sacerdote compassivo e eterno, oferece não apenas redenção, mas também um exemplo de obediência, inspirando os fiéis a crescerem em direção à plenitude da fé.
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