O amor de Deus para com Israel.
¹Cante, ó estéril,
Que não deste à luz;
Irrompe em cânticos, e clame em alta voz,
Você que não sentiu as dores de parto;
Porque mais são os filhos da desolada
Do que os filhos da casada, diz o Senhor.
²Amplie o lugar da sua tenda,
E estendam as cortinas de suas habitações;
Não poupe, alongue as suas cordas
E fortaleça as suas estacas;
³porque você se estenderá pela direita e pela esquerda;
E a sua descendência herdará os gentios
E fará com que as cidades desoladas sejam habitadas.
⁴Não temas; porque Você não será envergonhada;
Nem seja confundida, porque Você não será envergonhada;
Porque Você se esquecerá da vergonha de sua juventude,
E não se lembrará mais do opróbrio de sua viuvez.
⁵Porque o seu Criador é o seu Marido;
Senhor dos Exércitos é o Seu nome;
E o seu Redentor é o Santo de Israel;
Ele será chamado o Deus de toda a terra.
⁶Porque o Senhor a chamou
Como a uma mulher desamparada e aflita de espírito,
E como a uma esposa da mocidade,
quando você foi rejeitada, diz o seu Deus.
⁷Por um pequeno momento Eu a desampararei;
Mas com grandes misericórdias Eu a ajuntarei.
⁸Em um pouco de ira Eu escondi o Meu rosto de Você por um momento;
Mas com benignidade eterna Eu terei misericórdia de Você,
Diz o Senhor, o seu Redentor.
⁹Porque isto é como as águas de Noé para Mim;
Pois como jurei que as águas de Noé
Não passariam mais sobre a terra;
Assim jurei que não Me indignaria com Você, nem a repreenderia.
¹⁰Porque os montes se removerão
E as colinas serão abaladas;
Mas a Minha benignidade não se apartará de Você,
Nem o concerto da Minha paz será removido,
Diz o Senhor, que tem misericórdia de Você.
¹¹Ó aflita,
Agitada pela tempestade e não consolada!
Eis que Eu porei as suas pedras com belas cores
E lançarei os seus fundamentos com safiras.
¹²E farei as suas janelas de ágatas,
E as suas portas de carbúnculos,
E todos os seus termos de pedras agradáveis.
¹³E todos os seus filhos serão ensinados do Senhor;
E grande será a paz de seus filhos.
¹⁴Em justiça Você será estabelecida;
Você estará longe da opressão, porque Você não temerá;
E do terror, porque ele não se aproximará de Você.
¹⁵Eis que certamente se ajuntarão, mas não por Mim;
Quem quer que se ajuntar contra Você cairá por sua causa.
¹⁶Eis que Eu criei o ferreiro
Que assopra as brasas no fogo
E que produz uma ferramenta para o seu trabalho;
E Eu criei o destruidor para destruir.
¹⁷Nenhuma arma forjada contra Você prosperará;
E toda língua que se levantar contra Você em juízo,
Você a condenará.
Esta é a herança dos servos do Senhor,
E a sua justiça vem de Mim, diz o Senhor.
O capítulo 54 de Isaías, parte do Livro de Isaías no Antigo Testamento, integra a seção conhecida como Deutero-Isaías (capítulos 40-55), composta durante o exílio babilônico dos israelitas, por volta do século VI a.C. Escrito em hebraico, com 17 versículos, o texto é preservado em manuscritos massoréticos como o Codex Cairensis (895 d.C.), o Codex de Petersburgo (916 d.C.), o Codex Aleppo (século X) e o Codex Leningradensis (1008 d.C.), além de fragmentos dos Manuscritos do Mar Morto, como 1QIsaᵃ (completo) e 4QIsaᶜ (versículos 3-17), datados do século III a.C. ou posterior. A tradução para o grego koiné, a Septuaginta, sobrevive em manuscritos como o Codex Vaticanus (século IV) e o Codex Sinaiticus (século IV). Este capítulo, estruturado em três parashot (54:1-8; 54:9-10; 54:11-17), oferece consolo ao povo de Deus, prometendo restauração e bênçãos espirituais, com ecos cristológicos que ressoam no Novo Testamento.
Nos versículos 1 a 8, Isaías convoca a estéril a cantar, prometendo que seus filhos superarão os da casada (Isaías 54:1), uma imagem citada em Gálatas 4:27 para contrastar a Jerusalém espiritual (Igreja de Cristo) com a terrena. A metáfora da estéril simboliza Israel, outrora desolado, mas agora destinado a uma descendência numerosa, refletindo a expansão da aliança divina. Deus, como esposo fiel, assegura misericórdia eterna após um breve momento de ira (Isaías 54:8), enfatizando sua redenção. A linguagem poética, com rimas hebraicas como bə-she-tsep̄ qe-tsep̄, intensifica a transitoriedade do julgamento frente à bondade duradoura. Nos versículos 9 a 10, a promessa de Deus é comparada ao juramento pós-dilúvio a Noé (Gênesis 9:11), garantindo que sua ira não mais recairá sobre o povo. A aliança de paz, marcada por chesed (amor leal) e shalom (paz), é inabalável, mesmo que montanhas se desloquem (Isaías 54:10).
Os versículos 11 a 17 descrevem a futura glória de Sião, adornada como cidade celestial, com fundamentos de safiras e muros de pedras preciosas (Isaías 54:11-12), uma visão que antecipa a Nova Jerusalém (Apocalipse 21). Seus filhos serão ensinados pelo Senhor, vivendo em justiça (Isaías 54:13), e nenhuma arma prevalecerá contra eles (Isaías 54:17). Para os cristãos, essas promessas encontram cumprimento em Cristo, o Redentor, cuja Igreja é protegida e glorificada. Isaías 54, com sua teologia da restauração, convoca à esperança na fidelidade divina, que transcende o exílio e aponta para a salvação universal.
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