Thomas Coke (1747-1814), nascido em 9 de setembro de 1747 em Brecon, País de Gales, e falecido em 2 de maio de 1814 no Oceano Índico, foi um teólogo metodista cuja visão missionária e liderança eclesiástica moldaram o metodismo global. Ordenado sacerdote anglicano em 1772, foi expulso de sua paróquia por abraçar o metodismo, mas sua parceria com John Wesley a partir de 1776 o levou a cofundar a Igreja Metodista Episcopal nos Estados Unidos e a estabelecer missões em continentes como América, África e Ásia. Como cristão, Coke via a pregação do Evangelho como um chamado universal, refletido em sua incansável dedicação às missões e sua defesa da justificação pela fé. Sua erudição, expressa em obras como "Comentário sobre a Bíblia Sagrada", combinava rigor intelectual com fervor espiritual, consolidando-o como uma figura central do metodismo do século XVIII.
Filho de um próspero farmacêutico, Coke estudou jurisprudência no Jesus College, Oxford, obtendo os graus de bacharel (1770), mestre (1770) e doutor em direito civil (1775). Sua formação acadêmica, aliada a uma estatura modesta e tendência ao excesso de peso, não diminuiu sua energia. Em 1772, serviu como prefeito de Brecon e foi ordenado sacerdote anglicano, assumindo uma curacia em South Petherton, Somerset. Lá, sua adesão ao metodismo, manifestada em cultos domésticos e pregações ao ar livre inspiradas por Wesley, gerou conflitos com o novo reitor, culminando em sua expulsão em 1777. Apesar disso, Coke retornou à cidade em 1807, pregando a uma multidão de 2.000 pessoas, demonstrando sua resiliência e influência duradoura. Seu encontro com Wesley em 1776 marcou um ponto de inflexão, tornando-o um colaborador próximo, apelidado por Wesley de "a pulga" por sua incessante atividade missionária.
Em 1780, Coke foi nomeado superintendente do distrito de Londres e, em 1782, presidente da Conferência Metodista na Irlanda, cargo que ocupou várias vezes. Sua visão missionária ganhou forma em 1784, quando, com Thomas Parker, publicou um plano para estabelecer missões entre os "pagãos". Após a Revolução Americana, a escassez de clérigos anglicanos nos Estados Unidos levou Wesley a consagrar Coke como superintendente em 1784, um título que evoluiu para bispo em 1787, apesar das objeções de Wesley. Coke partiu para Nova York, lendo durante a viagem obras de Agostinho, Virgílio e biografias de missionários como Francisco Xavier. Na Conferência de Baltimore, iniciada no Natal de 1784, ele e Francis Asbury foram eleitos superintendentes, fundando a Igreja Metodista Episcopal. Coke ordenou diáconos e presbíteros e consagrou Asbury, estruturando uma igreja independente que marcou a expansão do metodismo na América.
Coke retornou à Inglaterra em 1785, realizando oito outras viagens aos Estados Unidos até 1803. Durante suas visitas, posicionou-se contra a escravidão, escrevendo a George Washington e pregando perante o Congresso a convite do presidente. A partir de 1786, empreendeu missões nas Índias Ocidentais, visitando Jamaica e outras ilhas em 1788-89, 1790 e 1792-93, estabelecendo congregações que cresceram significativamente no século XIX. Após a morte de Wesley em 1791, Coke tornou-se secretário da Conferência Britânica e foi presidente em 1797 e 1805, buscando, sem sucesso, o título oficial de bispo. Sua visão missionária o levou a Paris em 1797, onde pregou em francês, e a Gibraltar em 1803, além de promover missões no Canadá, Escócia e Serra Leoa. Em 1805, casou-se com Penelope Goulding Smith, que financiou suas missões até sua morte em 1811. No mesmo ano, casou-se com Anne Loxdale, que faleceu em 1812.
Aos 66 anos, Coke financiou uma missão ao Ceilão, partindo em 1813 com o sonho de um bispado anglicano na Índia, que tentou negociar com o primeiro-ministro Lord Liverpool. Contudo, faleceu de um possível derrame em maio de 1814, no Oceano Índico, sendo sepultado no mar. Francis Asbury o descreveu como um erudito e bispo cuja dedicação ao Evangelho o tornou uma das maiores figuras do século XVIII. Suas obras, como "História das Índias Ocidentais" e "Seis Cartas em Defesa da Doutrina da Justificação pela Fé", refletem sua teologia wesleyana, centrada na graça divina e na santificação. Seu "Comentário sobre a Bíblia Sagrada" e contribuições à biografia de Wesley por Henry Moore demonstram sua habilidade exegética e compromisso com a educação cristã.
A teologia de Coke era prática e missionária, enfatizando a conversão pessoal e a expansão do Reino de Deus. Ele via o metodismo como um movimento de renovação dentro do cristianismo, capaz de alcançar todas as nações. Sua abordagem às ordenações, embora controversa, foi fundamentada na necessidade pastoral e na autoridade bíblica, inspirada por modelos apostólicos. Sua oposição à escravidão e seu engajamento político, como nas interações com Washington, refletiam sua convicção de que a fé deve transformar a sociedade. O legado de Coke perdura nas igrejas metodistas que fundou e nas missões que inspirou, que no século XIX se espalharam pelo mundo. Sua vida, marcada por viagens incessantes e sacrifícios pessoais, testemunha uma dedicação inabalável à proclamação do Evangelho, enraizada na certeza da redenção em Cristo.