02.abril.25
O maior troféu de Cristo.
"E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava d’Ele, dizendo: Se Tu és o Cristo, salva-Te a Ti mesmo e a nós.
"Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando na mesma condenação?
"E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos merecem; mas Este nenhum mal fez.
"E disse a Jesus: Senhor, lembra-Te de mim, quando entrares no Teu reino.
"E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso." — Lucas 23. 39-43.
Há poucas passagens no Novo Testamento que sejam mais familiares aos ouvidos dos homens do que os versículos que encabeçam este capítulo. Eles contêm a bem conhecida história do "ladrão penitente".
E é certo e bom que esses versículos sejam bem conhecidos. Eles confortaram muitas mentes atribuladas; trouxeram paz a muitas consciências inquietas; foram bálsamo de cura para muitos corações feridos; foram remédio para muitas almas doentes pelo pecado; suavizaram o leito de morte de não poucos. Onde quer que o Evangelho de Cristo seja pregado, eles sempre serão honrados, amados e lembrados.
Desejo dizer algo sobre esses versículos. Vou tentar expor as lições principais que eles se destinam a ensinar. Não posso ver o estado mental peculiar de quem quer que tenha este texto em mãos. Mas posso ver verdades nesta passagem que nenhum homem pode conhecer demais. Aqui está o maior troféu que Cristo já conquistou.
I. Antes de tudo, devemos aprender com estes versículos o poder e a disposição de Cristo para salvar pecadores.
Esta é a principal doutrina a ser extraída da história do ladrão penitente. Ela nos ensina aquilo que deveria ser música aos ouvidos de todos os que a ouvem — ensina-nos que Jesus Cristo é "poderoso para salvar" (Isaías 63. 1).
Peço a qualquer um que diga: haveria caso que parecesse mais sem esperança e desesperador do que o deste ladrão penitente em tempos passados?
Ele era um homem ímpio — um malfeitor — um ladrão, se não um assassino. Sabemos disso, pois apenas tais eram crucificados. Ele estava sofrendo um castigo justo por quebrar as leis. E, como vivera perversamente, parecia determinado a morrer da mesma maneira — pois, a princípio, quando foi crucificado, blasfemava contra o nosso Senhor.
E ele era um homem moribundo. Estava pendurado ali, pregado numa cruz, da qual jamais desceria vivo. Já não tinha forças para mover mão ou pé. Suas horas estavam contadas: a sepultura o esperava. Havia apenas um passo entre ele e a morte.
Se alguma vez houve uma alma pairando à beira do inferno, era a alma desse ladrão. Se alguma vez houve um caso que parecia perdido, terminado e sem recuperação, era o dele. Se alguma vez houve um filho de Adão que o diabo julgava ter como certo, era este homem.
Mas veja agora o que aconteceu. Ele deixou de blasfemar e insultar, como fizera no início: começou a falar de uma maneira totalmente diferente. Voltou-se para o nosso bendito Senhor em oração. Rogou a Jesus que "se lembrasse dele quando viesse em Seu reino". Pediu que sua alma fosse cuidada, seus pecados perdoados e que fosse lembrado no outro mundo. De fato, esta foi uma mudança maravilhosa!
E então observe que tipo de resposta ele recebeu. Alguns teriam dito que ele era um homem perverso demais para ser salvo; mas não foi assim. Alguns poderiam imaginar que era tarde demais: a porta estava fechada, e não havia lugar para misericórdia; mas provou-se que não era tarde demais. O Senhor Jesus lhe deu uma resposta imediata — falou-lhe bondosamente — assegurou-lhe que naquele mesmo dia estaria com Ele no paraíso — perdoou-o completamente — limpou-o totalmente de seus pecados — recebeu-o com graça — justificou-o livremente — arrancou-o das portas do inferno, deu-lhe um título à glória. De toda a multidão de almas salvas, nenhuma jamais recebeu uma garantia tão gloriosa de sua própria salvação como este ladrão penitente. Percorra toda a lista, de Gênesis a Apocalipse, e você não encontrará ninguém a quem foram ditas palavras como estas — "Hoje estarás comigo no paraíso".
Creio que o Senhor Jesus jamais deu prova tão completa de Seu poder e vontade de salvar como deu nesta ocasião. No dia em que parecia mais fraco, mostrou ser um poderoso libertador. Na hora em que Seu corpo estava dilacerado pela dor, mostrou que podia sentir ternura pelos outros. No momento em que Ele próprio estava morrendo, concedeu a um pecador a vida eterna.
Agora, não tenho eu o direito de dizer que Cristo é "poderoso para salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus"? (Hebreus 7. 25). Eis aqui a prova disso. Se algum pecador já esteve perdido demais para ser salvo, foi este ladrão. E, no entanto, ele foi arrebatado como um tição do fogo.
Não tenho eu o direito de dizer que Cristo receberá qualquer pobre pecador que venha a Ele com a oração da fé, e que não lançará fora nenhum? Eis aqui a prova disso. Se já houve alguém que parecia ser ruim demais para ser recebido, foi este homem. E, mesmo assim, a porta da misericórdia estava amplamente aberta até para ele.
Não tenho eu o direito de dizer que "pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós; é dom de Deus": não temais, apenas crede? Eis aqui a prova disso. Este ladrão jamais foi batizado; não pertencia a nenhuma igreja visível; nunca recebeu a Ceia do Senhor; nunca fez obra alguma para Cristo; nunca deu dinheiro para a causa de Cristo! Mas teve fé, e assim foi salvo.
Tenho eu o direito de dizer: A fé mais jovem salvará a alma de um homem, se apenas for verdadeira? Eis aqui a prova disso. A fé deste homem tinha apenas um dia; mas o levou a Cristo e o preservou do inferno.
Por que então algum homem ou mulher deveria desesperar com uma passagem como esta na Bíblia? Jesus é um Médico que pode curar casos desesperados. Ele pode vivificar almas mortas e chamar as coisas que não são como se já fossem.
Jamais um homem ou mulher deveria desesperar! Jesus é o mesmo hoje que foi há mil e oitocentos anos. As chaves da morte e do inferno estão em Suas mãos. Quando Ele abre, ninguém pode fechar [1].
Ainda que seus pecados sejam mais numerosos que os cabelos da sua cabeça? Ainda que seus maus hábitos tenham crescido com o seu crescimento, e se fortalecido com a sua força? Ainda que você tenha, até agora, odiado o bem e amado o mal todos os dias da sua vida? Estas coisas são, de fato, tristes; mas há esperança, até mesmo para você. Cristo pode curá-lo: Cristo pode levantá-lo do seu estado de humilhação. O céu não está fechado para você. Cristo é capaz de recebê-lo, se você humildemente confiar a sua alma em Suas mãos.
Seus pecados foram perdoados? Se não, eu lhe apresento hoje uma salvação plena e gratuita. Convido você a seguir os passos do ladrão arrependido: venha a Cristo e viva. Digo-lhe que Jesus é muito misericordioso e cheio de ternura. Digo-lhe que Ele pode fazer tudo o que sua alma necessita. Ainda que seus pecados sejam vermelhos como escarlate, Ele pode torná-los brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã. Por que você não seria salvo como qualquer outro? Venha a Cristo e viva.
Você é um verdadeiro crente? Se for, deve gloriar-se em Cristo. Não se glorie na sua própria fé, nos seus próprios sentimentos, no seu próprio conhecimento, nas suas próprias orações, nas suas próprias mudanças, na sua própria diligência. Glorie-se apenas em Cristo. Ai de nós! O melhor de nós conhece muito pouco desse Salvador misericordioso e poderoso. Não O exaltamos e não nos gloriamos n'Ele o suficiente. Oremos para que possamos ver mais da plenitude que há n'Ele.
Você tenta fazer o bem a outros? Se sim, lembre-se de falar-lhes sobre Cristo. Fale aos jovens, fale aos pobres, fale aos idosos, fale aos ignorantes, fale aos doentes, fale aos moribundos—fale-lhes todos sobre Cristo. Fale-lhes do Seu poder e fale-lhes do Seu amor; fale-lhes dos Seus feitos e fale-lhes dos Seus sentimentos; fale-lhes o que Ele fez pelo maior dos pecadores; fale-lhes o que Ele está disposto a fazer até o último dia do tempo: fale-lhes isso repetidas vezes. Nunca se canse de falar de Cristo. Diga-lhes de modo amplo e pleno, livre e incondicional, sem reservas e sem dúvidas: "Venham a Cristo, como fez o ladrão arrependido: venham a Cristo, e vocês serão salvos."
II. A segunda lição que devemos aprender desta passagem é esta.—Se alguns são salvos na própria hora da morte, outros não são.
Esta é uma verdade que nunca deve ser ignorada, e eu não ouso deixá-la sem comentário. É uma verdade que se destaca claramente no triste fim do outro malfeitor, e é demasiadamente esquecida. Os homens esquecem que havia "dois ladrões."
O que aconteceu com o outro ladrão que foi crucificado? Por que ele não se voltou do seu pecado e clamou ao Senhor? Por que permaneceu endurecido e impenitente? Por que não foi salvo? É inútil tentar responder a tais perguntas. Devemos nos contentar em aceitar o fato como ele é, e ver o que ele nos ensina.
Não temos qualquer direito de dizer que este ladrão era um homem pior que seu companheiro: não há nada que prove isso. Ambos eram claramente homens perversos; ambos estavam recebendo a justa recompensa de seus atos; ambos estavam pendurados ao lado de nosso Senhor Jesus Cristo; ambos O ouviram orar por Seus assassinos; ambos O viram sofrer pacientemente. Mas enquanto um se arrependeu, o outro permaneceu endurecido; enquanto um começou a orar, o outro continuou a blasfemar; enquanto um foi convertido em suas últimas horas, o outro morreu um homem mau, como havia vivido; enquanto um foi levado ao paraíso, o outro foi para seu próprio lugar—o lugar do diabo e dos seus anjos.
Agora, estas coisas foram escritas para nosso aviso. Há advertência, assim como consolo nestes versículos, e é uma advertência muito solene também.
Eles me dizem claramente que, embora alguns possam se arrepender e se converter em seus leitos de morte, isso de modo algum significa que todos o farão. Um leito de morte não é sempre um tempo de salvação.
Eles me dizem claramente que dois homens podem ter as mesmas oportunidades de benefício para suas almas, podem estar na mesma posição, ver as mesmas coisas e ouvir as mesmas coisas—e ainda assim apenas um dos dois aproveitará, se arrependerá, crerá e será salvo.
Eles me dizem, acima de tudo, que arrependimento e fé são dons de Deus e não estão no poder do homem; e que se alguém se ilude achando que pode se arrepender a seu próprio tempo, escolher sua própria estação, buscar o Senhor quando quiser, e, como o ladrão arrependido, ser salvo no último momento—ele poderá descobrir, no final, que estava grandemente enganado.
E é bom e proveitoso ter isso em mente. Há uma enorme quantidade de ilusão no mundo sobre este assunto. Vejo muitos deixando a vida passar, totalmente despreparados para morrer. Vejo muitos reconhecendo que deveriam se arrepender, mas sempre adiando seu próprio arrependimento. E creio que uma das grandes razões é que a maioria dos homens supõe que pode voltar-se para Deus sempre que quiser! Eles distorcem a parábola dos trabalhadores da vinha, que fala da hora undécima, e a usam de forma que nunca foi pretendida. Eles se concentram na parte agradável dos versículos que estou considerando agora, e esquecem o restante. Falam do ladrão que foi para o paraíso e foi salvo, e esquecem do que morreu como viveu—e se perdeu [2].
Rogo a todo homem de bom senso que leia este texto para que tome cuidado e não caia nesse erro.
Olhe para a história dos homens na Bíblia e veja quantas vezes essas ideias de que falei são contrariadas. Observe bem quantas provas há de que dois homens podem ter a mesma luz oferecida a eles, e apenas um a utilizar; e que ninguém tem o direito de brincar com a misericórdia de Deus, presumindo que poderá se arrepender quando quiser.
Olhe para Saul e Davi. Eles viveram aproximadamente na mesma época; saíram da mesma classe social; foram chamados à mesma posição no mundo; desfrutaram do ministério do mesmo profeta, Samuel; reinaram o mesmo número de anos!—E ainda assim um foi salvo e o outro se perdeu.
Olhe para Sérgio Paulo e Gálio. Ambos eram governadores romanos; ambos eram homens sábios e prudentes em sua geração; ambos ouviram o apóstolo Paulo pregar! Mas um creu e foi batizado — o outro “não se importava com aquelas coisas.” (Atos 18. 17.)
Olhe para o mundo ao seu redor. Veja o que está acontecendo continuamente diante dos seus olhos. Duas irmãs muitas vezes frequentam o mesmo ministério, ouvem as mesmas verdades, escutam os mesmos sermões; e, no entanto, apenas uma será convertida a Deus, enquanto a outra permanece totalmente indiferente. Dois amigos frequentemente leem o mesmo livro religioso: um é tão tocado por ele, que abandona tudo por Cristo; o outro não vê nada de especial e continua como antes. Centenas leram Rise and Progress de Doddridge sem proveito; para Wilberforce, foi um dos inícios da vida espiritual. Milhares leram Practical View of Christianity de Wilberforce e o deixaram de lado inalterados; desde o momento em que Legh Richmond o leu, tornou-se outro homem. Nenhum homem tem qualquer garantia para dizer: “A salvação está em meu próprio poder.”
Não pretendo explicar essas coisas. Apenas as coloco diante de você como grandes fatos; e peço que as considere bem.
Você não deve me entender mal. Não quero desanimá-lo. Digo essas coisas com todo afeto, para lhe advertir do perigo. Não as digo para afastá-lo do céu — digo-as antes para atraí-lo e levá-lo a Cristo, enquanto Ele pode ser encontrado.
Quero que você se previna contra a presunção. Não abuse da misericórdia e compaixão de Deus. Não continue no pecado, eu lhe suplico, pensando que poderá se arrepender, crer e ser salvo quando quiser, quando lhe agradar, quando desejar, e quando escolher. Eu sempre lhe mostraria uma porta aberta. Eu sempre diria: “Enquanto há vida, há esperança.” Mas, se você deseja ser sábio, não adie nada que diga respeito à sua alma.
Quero que você tome cuidado para não deixar escapar bons pensamentos e convicções piedosas, se os tiver. Cultive-os e nutra-os, para que não os perca para sempre. Aproveite-os ao máximo, para que não tomem asas e voem para longe. Você tem vontade de começar a orar? Coloque em prática imediatamente. Tem o desejo de começar realmente a servir a Cristo? Comece agora mesmo. Está desfrutando alguma luz espiritual? Certifique-se de viver conforme essa luz. Não brinque com as oportunidades, para que não chegue o dia em que queira aproveitá-las e não consiga. Não demore, para que não se torne sábio tarde demais.
Você pode dizer, talvez: “Nunca é tarde demais para se arrepender.” Eu respondo — “Isso é verdade; mas arrependimento tardio raramente é genuíno. E digo ainda mais, você não pode ter certeza de que, adiando o arrependimento, irá se arrepender algum dia.”
Você pode dizer: “Por que eu deveria ter medo? — o ladrão arrependido foi salvo.” Eu respondo — “Isso é verdade; mas olhe novamente para a passagem que lhe mostra que o outro ladrão se perdeu.”
A terceira lição que devemos aprender desses versículos é esta: o Espírito sempre conduz as almas salvas de um mesmo modo.
Este é um ponto que merece atenção especial e que é frequentemente negligenciado. Os homens olham para o fato geral de que o ladrão arrependido foi salvo enquanto morria, e não vão além disso.
Eles não consideram as evidências que esse ladrão deixou para trás. Não observam as abundantes provas que ele deu da obra do Espírito em seu coração. E essas provas eu quero rastrear. Quero mostrar que o Espírito sempre age de um mesmo modo e que — quer Ele converta um homem em uma hora, como fez com o ladrão arrependido, quer o faça por meio de lentos graus, como faz com outros — os passos pelos quais Ele conduz as almas ao céu são sempre os mesmos.
Deixe-me tentar tornar isso claro para todos que leem este texto. Quero alertá-lo. Quero que você abandone a ideia comum de que há um caminho fácil e régio para o céu a partir de um leito de morte. Quero que você compreenda totalmente que toda alma salva passa pela mesma experiência, e que os princípios fundamentais da religião do ladrão arrependido eram exatamente os mesmos dos mais antigos santos que já viveram.
(a) Veja então, em primeiro lugar, quão forte era a fé deste homem.
Ele chamou Jesus de “Senhor.” Declarou sua crença de que Ele teria um “reino.” Acreditou que Ele era capaz de lhe conceder vida eterna e glória, e nessa crença orou a Ele. Afirmou Sua inocência diante de todas as acusações feitas contra Ele. “Este Homem,” disse ele, “nada fez de errado.” Outros talvez tenham pensado que o Senhor era inocente — mas nenhum o disse abertamente, exceto este pobre moribundo.
E quando tudo isso aconteceu? Aconteceu quando toda a nação havia negado a Cristo — gritando, “Crucifica-o, crucifica-o: não temos rei senão César” — quando os principais sacerdotes e fariseus O haviam condenado e considerado “culpado de morte” — quando até mesmo Seus próprios discípulos O haviam abandonado e fugido — quando Ele estava pendurado, fraco, sangrando e morrendo na cruz, contado entre os transgressores e considerado maldito. Foi nessa hora que o ladrão creu em Cristo e orou a Ele! Certamente tal fé nunca foi vista desde que o mundo começou [3].
Os discípulos haviam visto sinais e milagres poderosos. Viram os mortos ressuscitados com uma palavra — e os leprosos curados com um toque — os cegos recebendo a vista — os mudos falando — os coxos andando. Viram milhares serem alimentados com alguns poucos pães e peixes. Viram seu Mestre andando sobre as águas como em terra seca. Todos eles O ouviram falar como jamais homem algum falou, e anunciar promessas de boas coisas ainda por vir. Alguns deles chegaram a ter uma antecipação de Sua glória no monte da transfiguração. Sem dúvida sua fé era “dom de Deus”, mas ainda assim, tinham muito para sustentá-la.
O ladrão moribundo não viu nenhuma das coisas que mencionei. Ele apenas viu nosso Senhor em agonia, em fraqueza, em sofrimento e em dor. Ele O viu sofrendo um castigo desonroso; abandonado, zombado, desprezado, blasfemado. Ele O viu rejeitado por todos os grandes, sábios e nobres do Seu próprio povo—Sua força ressequida como um caco, Sua vida se aproximando da sepultura (Salmos 22. 15; 88. 3). Ele não viu cetro, nem coroa real, nem domínio externo, nem glória, nem majestade, nem poder, nem sinais de força. E ainda assim o ladrão moribundo creu e olhou para o reino de Cristo.
Você gostaria de saber se tem o Espírito? Então preste atenção à pergunta que lhe faço hoje.—Onde está a sua fé em Cristo?
(b) Veja, além disso, o quão correto era o senso de pecado que o ladrão tinha. Ele diz ao seu companheiro: "Nós recebemos o justo castigo dos nossos atos." Ele reconhece sua própria impiedade e a justiça de seu castigo. Ele não tenta justificar-se, nem desculpar sua maldade. Ele fala como um homem humilhado e abatido pela lembrança de suas iniquidades passadas. Isso é o que todos os filhos de Deus sentem. Eles estão prontos a reconhecer que são pobres pecadores merecedores do inferno. Eles podem dizer com o coração, assim como com os lábios: "Deixamos de fazer o que devíamos ter feito, e fizemos o que não devíamos ter feito, e não há saúde em nós."
Você gostaria de saber se tem o Espírito? Então preste atenção à minha pergunta.—Você sente seus pecados?
(c) Veja, ainda, o amor fraternal que o ladrão demonstrou para com seu companheiro. Ele tentou fazê-lo parar de blasfemar e mudar de mente. "Você não teme a Deus," ele diz, "estando na mesma condenação?" Não há marca mais segura da graça do que esta! A graça tira o homem do seu egoísmo e faz com que ele se importe com as almas dos outros. Quando a mulher samaritana foi convertida, ela deixou seu cântaro de água e correu para a cidade, dizendo: "Venham, vejam um homem que me disse tudo quanto tenho feito: será este, porventura, o Cristo?" (João 4. 28, 29.) Quando Saulo foi convertido, imediatamente foi à sinagoga em Damasco e testemunhou aos seus irmãos de Israel que "Cristo era o Filho de Deus." (Atos 9. 20.) Você gostaria de saber se tem o Espírito? Então onde está a sua caridade e amor pelas almas?
Em uma palavra, você vê no ladrão arrependido uma obra completa do Espírito Santo. Cada parte do caráter do crente pode ser vista nele. Por mais curta que tenha sido sua vida após a conversão, ele encontrou tempo para deixar abundantes evidências de que era filho de Deus. Sua fé, sua oração, sua humildade, seu amor fraternal são testemunhas inconfundíveis da realidade de seu arrependimento. Ele não foi apenas um penitente de nome, mas em obra e em verdade.
Portanto, que ninguém pense, porque o ladrão arrependido foi salvo, que os homens podem ser salvos sem deixar nenhuma evidência da obra do Espírito. Que tal pessoa considere bem as evidências que este homem deixou, e tome cuidado.
É triste ouvir o que as pessoas às vezes dizem sobre o que chamam de evidências no leito de morte. É absolutamente assustador observar como tão pouco satisfaz algumas pessoas, e como elas facilmente se persuadem de que seus entes queridos foram para o céu. Dirão que, quando o parente morreu, "ele fez uma oração tão bonita um dia—or que falou tão bem—or que lamentou tanto seus velhos caminhos e pretendia viver de forma tão diferente se melhorasse—or que já não desejava nada neste mundo—or que gostava que lessem para ele e orassem com ele." E porque têm isso como base, parecem ter uma esperança confortável de que ele foi salvo! Cristo pode nunca ter sido mencionado—o caminho da salvação pode nunca ter sido nem sequer mencionado. Mas não importa; houve uma pequena conversa sobre religião, e isso basta para eles!
Agora, não desejo ferir os sentimentos de ninguém que leia este texto, mas devo e falarei claramente sobre este assunto.
De uma vez por todas, deixe-me dizer que, como regra geral, nada é tão insatisfatório quanto evidências no leito de morte. As coisas que os homens dizem e os sentimentos que expressam quando estão doentes e com medo são pouco confiáveis. Muitas vezes, demasiadas vezes, são o resultado do medo, e não brotam do fundo do coração. Muitas vezes, demasiadas vezes, são coisas ditas mecanicamente; copiadas dos lábios de ministros e amigos ansiosos, mas evidentemente não sentidas. E nada pode provar isso mais claramente do que o fato bem conhecido de que a grande maioria das pessoas que fazem promessas de mudança no leito de enfermidade, e então pela primeira vez falam de religião, se recuperarem, voltam ao pecado e ao mundo.
Quando um homem viveu uma vida de imprudência e loucura, eu quero algo mais do que algumas palavras bonitas e bons desejos para me satisfazer quanto à sua alma, quando ele chega ao leito de morte. Não me basta que ele me permita ler a Bíblia para ele e orar ao lado de sua cama — que ele diga "não ter pensado tanto quanto deveria sobre religião, e que acha que seria um homem diferente se melhorasse." Tudo isso não me satisfaz: não me faz sentir feliz quanto ao seu estado. É muito bom até certo ponto, mas não é conversão. É muito bom em seu caminho, mas não é fé em Cristo. Até que eu veja conversão e fé em Cristo, eu não posso e não ouso me sentir satisfeito. Outros podem sentir-se satisfeitos se quiserem, e, após a morte de seu amigo, dizer que esperam que ele tenha ido para o céu. Da minha parte, prefiro manter o silêncio e não dizer nada. Eu ficaria contente com a menor medida de arrependimento e fé em um homem moribundo, mesmo que não seja maior do que um grão de mostarda. Mas estar contente com qualquer coisa menos do que arrependimento e fé me parece algo muito próximo da incredulidade.
Que tipo de evidência você pretende deixar para trás quanto ao estado da sua alma? Tome exemplo pelo ladrão arrependido, e você fará bem.
Quando nós o levarmos para sua cama estreita, que não precisemos caçar palavras soltas e fragmentos de religião para tentar provar que você era um verdadeiro crente. Que não precisemos dizer de maneira hesitante uns para os outros, "Confio que ele está feliz; ele falou tão bem um dia; e parecia tão satisfeito com um capítulo da Bíblia em outra ocasião; e ele gostava de tal pessoa, que é um bom homem." Que possamos ser capazes de falar decisivamente quanto à sua condição. Que tenhamos alguma prova sólida do seu arrependimento, da sua fé e da sua santidade, de modo que ninguém possa, nem por um momento, questionar seu estado. Pode confiar: sem isso, aqueles que você deixar para trás não poderão sentir conforto sólido quanto à sua alma. Podemos usar a forma da religião em seu enterro e expressar esperanças caridosas. Podemos encontrá-lo no portão do cemitério e dizer, "Bem-aventurados os mortos que morrem no Senhor." Mas isso não mudará sua condição! Se você morrer sem conversão a Deus — sem arrependimento e sem fé — seu funeral será apenas o funeral de uma alma perdida; teria sido melhor nunca ter nascido.
IV. Devemos aprender, em seguida, a partir destes versículos, que os crentes em Cristo, quando morrem, estão com o Senhor.
Isso você pode deduzir das palavras do nosso Senhor ao ladrão arrependido: "Hoje estarás comigo no paraíso". E você encontra uma expressão muito parecida na Epístola aos Filipenses, onde Paulo diz que deseja "partir e estar com Cristo" (Filipenses 1:23).
Direi apenas pouco sobre este assunto. Quero apenas apresentá-lo para sua meditação pessoal. Para minha mente, é algo cheio de conforto e paz.
Os crentes, depois da morte, estão "com Cristo". Isso responde a muitas questões difíceis que, de outro modo, poderiam confundir a mente inquieta e ativa do homem. A morada dos santos falecidos, suas alegrias, seus sentimentos, sua felicidade, tudo parece estar contido nesta simples expressão — eles estão "com Cristo".
Não posso entrar em explicações completas sobre o estado separado dos crentes falecidos. É um assunto alto e profundo, que a mente humana não pode compreender nem sondar. Sei que sua felicidade ainda é inferior ao que será quando seus corpos forem ressuscitados, na ressurreição do último dia, e Jesus voltar à terra. Ainda assim, sei também que eles desfrutam de um repouso abençoado, um descanso do trabalho — um descanso da tristeza — um descanso da dor — e um descanso do pecado. Mas o fato de eu não poder explicar essas coisas não significa que eu não esteja convencido de que eles são muito mais felizes do que jamais foram na terra. Vejo essa felicidade justamente nesta passagem: "Eles estão com Cristo", e, ao ver isso, vejo o suficiente.
Se as ovelhas estão com o Pastor — se os membros estão com a Cabeça — se os filhos da família de Cristo estão com Aquele que os amou e os carregou todos os dias da sua peregrinação na terra, tudo deve estar bem, tudo deve estar certo.
Não posso descrever como é o paraíso, porque não consigo entender a condição de uma alma separada do corpo. Mas não peço uma visão mais brilhante do paraíso do que esta — que Cristo está lá [4]. Todas as outras coisas no quadro que a imaginação desenha do estado entre a morte e a ressurreição não são nada em comparação a isso. Como Ele está lá, e de que maneira Ele está lá, eu não sei. Que eu apenas veja Cristo no paraíso quando meus olhos se fecharem na morte, e isso me basta. Bem disse o salmista: "Na tua presença há fartura de alegrias" (Salmo 16. 11). Foi verdadeira a fala de uma menina moribunda, quando sua mãe tentou confortá-la descrevendo como seria o paraíso. "Lá," disse a mãe à criança, "não haverá dores, nem doenças; lá você verá seus irmãos e irmãs que se foram antes de você, e será sempre feliz." "Ah, mãe!" respondeu a menina, "mas há algo melhor do que tudo isso, e é que Cristo estará lá."
Pode ser que você não pense muito sobre sua alma. Pode ser que você conheça pouco de Cristo como seu Salvador, e nunca tenha provado por experiência que Ele é precioso. E, ainda assim, talvez você espere ir ao paraíso quando morrer. Com certeza esta passagem é algo que deveria fazê-lo refletir. O paraíso é um lugar onde Cristo está. Então, pode ser um lugar que você gostaria de estar??
Pode ser que você seja um crente, e, mesmo assim, trema ao pensar no túmulo. Parece frio e sombrio. Você sente como se tudo diante de si fosse escuro, triste e sem conforto. Não tema, mas anime-se com este texto. Você está indo para o paraíso, e Cristo estará lá.
V. A última coisa que devemos aprender com esses versículos é esta: A porção eterna da alma de cada homem está próxima a ele.
"Hoje", diz o nosso Senhor ao ladrão arrependido, "hoje estarás comigo no paraíso". Ele não menciona um período distante — Ele não fala da entrada em um estado de felicidade como algo "muito longe", Ele fala de hoje — "neste mesmo dia em que estás pendurado na cruz."
Quão próximo isso parece! Quão terrivelmente próximo essa palavra traz o nosso lugar de morada eterna! Felicidade ou miséria — tristeza ou alegria — a presença de Cristo ou a companhia dos demônios — tudo está próximo de nós. "Há apenas um passo", diz Davi, "entre mim e a morte" (1 Samuel 20. 3). Há apenas um passo, podemos dizer, entre nós e o paraíso ou o inferno.
Nenhum de nós percebe isso como deveríamos. Já é mais do que hora de sacudirmos o estado sonhador de espírito em que vivemos em relação a esse assunto. Temos tendência a falar e pensar, mesmo sobre crentes, como se a morte fosse uma longa jornada — como se o santo moribundo tivesse embarcado numa longa viagem. Isso está completamente errado, muito errado! O porto e o lar deles estão bem próximos, e eles já entraram nele.
Alguns de nós sabemos, por amarga experiência, quão longo e cansativo é o tempo entre a morte daqueles que amamos e o momento em que os sepultamos fora da nossa vista. Essas semanas são as mais lentas, tristes e pesadas de toda a nossa vida. Mas, bendito seja Deus, as almas dos santos que partiram estão livres no exato momento em que exalam seu último suspiro. Enquanto estamos chorando, e o caixão está sendo preparado, e as roupas de luto providenciadas, e os últimos arranjos dolorosos sendo feitos, os espíritos dos nossos amados estão desfrutando da presença de Cristo. Eles estão livres para sempre do fardo da carne. Eles estão "onde os maus não perturbam mais e os cansados encontram descanso" (Jó 3. 17).
No exato momento em que os crentes morrem, eles estão no paraíso. A batalha deles foi vencida: sua luta terminou. Eles passaram por aquele vale sombrio que um dia também teremos que atravessar; eles cruzaram aquele rio escuro que um dia também teremos que cruzar. Eles beberam daquele último cálice amargo que o pecado misturou para o homem: eles chegaram àquele lugar onde não há mais tristeza nem suspiro. Certamente, não deveríamos querer que eles voltassem! Não deveríamos chorar por eles, mas por nós mesmos.
Ainda estamos guerreando, mas eles estão em paz. Estamos trabalhando, mas eles estão descansando. Estamos vigiando, mas eles estão dormindo. Estamos vestindo nossa armadura espiritual, mas eles a depuseram para sempre. Ainda estamos no mar, mas eles estão seguros no porto. Temos lágrimas, mas eles têm alegria. Somos estrangeiros e peregrinos, mas quanto a eles, estão em casa. Certamente, os mortos em Cristo estão em melhor condição do que os vivos! Certamente, na hora em que o pobre santo morre, ele imediatamente se torna mais elevado e mais feliz do que o mais alto sobre a terra [5].
Temo que haja uma imensa quantidade de ilusão sobre este ponto. Temo que muitos, que não são católicos romanos e que afirmam não acreditar no purgatório, tenham, no entanto, algumas ideias estranhas em suas mentes sobre as consequências imediatas da morte.
Temo que muitos tenham uma espécie de noção vaga de que existe algum intervalo ou espaço de tempo entre a morte e seu estado eterno. Eles imaginam que passarão por uma espécie de mudança purificadora, e que, embora morram impreparados para o céu, ainda assim serão encontrados aptos para ele no final!
Mas isso é um completo engano. Não há mudança após a morte: não há conversão no túmulo: não se recebe um novo coração depois que o último suspiro é dado. No mesmo dia em que partimos, lançamo-nos para a eternidade: o dia em que deixamos este mundo, começamos uma condição eterna. A partir desse dia, não há alteração espiritual — não há mudança espiritual. Como morremos, assim receberemos nossa porção após a morte: como a árvore cai, assim ela ficará.
Se você é um homem não convertido, isso deveria fazer você refletir. Você sabe que está próximo do inferno? Neste mesmo dia você poderia morrer; e se morresse fora de Cristo, abriria seus olhos imediatamente no inferno, em tormento.
Se você é um verdadeiro cristão, está muito mais perto do céu do que imagina. Neste mesmo dia, se o Senhor o chamasse, você se encontraria no paraíso. A boa terra da promessa está próxima de você. Os olhos que você fecharia na fraqueza e na dor se abririam imediatamente para um glorioso descanso, tal como minha língua não pode descrever.
E agora permita-me dizer algumas palavras em conclusão, e então terminarei.
(1) Este texto pode cair nas mãos de algum pecador humilde e contrito. — Você é esse homem? Então aqui está um encorajamento para você. Veja o que o ladrão penitente fez, e faça o mesmo. Veja como ele orou; veja como ele invocou o Senhor Jesus Cristo; veja que resposta de paz ele obteve. Irmão ou irmã, por que você também não faria o mesmo? Por que você também não seria salvo?
(2) Este texto pode cair nas mãos de algum homem orgulhoso e presunçoso do mundo. — Você é esse homem? Então, tome cuidado. Veja como o ladrão impenitente morreu como viveu e tenha cuidado para não ter um fim semelhante. Oh, irmão ou irmã errante, não seja confiante demais, para que não morra em seus pecados! Busque o Senhor enquanto Ele pode ser achado. Converta-se, converta-se: "por que você morreria?"
(3) Este texto pode cair nas mãos de algum professante crente em Cristo. Você é tal pessoa? Então, tome a religião do ladrão penitente como uma medida para provar a sua própria. Veja se você conhece algo de verdadeiro arrependimento e fé salvadora, de real humildade e fervente caridade. Irmão ou irmã, não se contente com o padrão do mundo para o Cristianismo. Seja de um só espírito com o ladrão penitente, e você será sábio.
(4) Este texto pode cair nas mãos de alguém que esteja chorando por crentes que partiram. — Você é tal pessoa? Então, console-se com esta Escritura. Veja como seus amados estão nas melhores mãos. Eles não poderiam estar em melhor situação. Nunca estiveram tão bem em toda a vida quanto estão agora. Eles estão com Jesus, a quem suas almas amaram na terra. Oh, cesse de seu lamento egoísta! Regozije-se, ao contrário, por estarem livres das tribulações e terem entrado no descanso.
(5) E este texto pode cair nas mãos de algum servo idoso de Cristo. Você é tal pessoa? Então veja, nestes versículos, quão perto você está do lar. Sua salvação está mais próxima do que quando você creu. Mais alguns dias de trabalho e tristeza, e o Rei dos reis mandará buscá-lo; e num momento sua luta terminará, e tudo será paz.
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J. C. Ryle
Holiness.
Notas:
[1] "O Salvador, que precedente é este da Tua livre e poderosa graça! Onde Tu queres dar, que indignidade pode nos impedir de Tua misericórdia? Quando Tu queres dar, que tempo pode prejudicar nossa vocação? Quem pode desesperar da Tua bondade, quando aquele que de manhã corria para o inferno, à tarde está Contigo no Paraíso?" — Bishop Hall.
[2] "Aquele que adia seu arrependimento e busca por perdão até o último momento, confiando neste exemplo, apenas tenta a Deus e transforma em veneno aquilo que Deus pretendia para fins melhores. As misericórdias de Deus nunca são registradas na Escritura para a presunção do homem, nem as falhas dos homens para serem imitadas." — Lightfoot. Sermão. 1684.
"Extremamente ingrato e insensato é o comportamento daqueles que se encorajam no exemplo do ladrão penitente para adiar o arrependimento até o momento da morte; extremamente ingrato em perverter a graça de seu Redentor em ocasião para renovar suas provocações contra Ele; e extremamente insensato imaginar que o que nosso Senhor fez em circunstâncias tão singulares deve ser tomado como um precedente comum." — Doddridge.
[3] "Não sei se, desde a criação do mundo, houve exemplo mais notável e impressionante de fé." — Comentário de Calvino sobre os Evangelhos.
"Uma grande fé que consegue ver o sol através de nuvem tão espessa; que pode descobrir um Cristo, um Salvador, sob um Jesus tão pobre, desprezado, escarnecido e crucificado, e chamá-Lo de Senhor. Uma grande fé que consegue ver o reino de Cristo através da cruz, da sepultura e da morte, e quando havia tão poucos sinais de um reino, ainda orar para ser lembrado nesse reino." — Lightfoot. Sermão. 1684.
"O ladrão penitente foi o primeiro confessor do reino celestial de Cristo — o primeiro mártir que testemunhou a santidade de Seus sofrimentos — e o primeiro apologista de Sua inocência oprimida." — Quesnel sobre o Evangelho.
"Provavelmente há poucos santos na glória que alguma vez honraram mais ilustremente a Cristo do que este pecador moribundo." — Doddridge.
"É esta a voz de um ladrão ou de um discípulo? Permita-me, ó Salvador, tomar emprestadas Tuas próprias palavras: 'Em verdade, não encontrei tanta fé, nem mesmo em Israel.' Ele Te viu miseravelmente pendurado ao seu lado, e ainda assim Te chamou de Senhor. Ele Te viu morrendo, e ainda assim falou do Teu reino. Ele sentiu a si mesmo morrendo, e ainda assim falou de uma futura lembrança. Ó fé, mais forte que a morte, que consegue olhar além da cruz para uma coroa; além da dissolução para uma lembrança de vida e glória! Qual dos Teus onze foi ouvido proferir palavra tão graciosa a Ti em Tuas últimas agonias?" — Bishop Hall.
[4] "Não devemos nos envolver em discussões curiosas e sutis sobre o lugar do paraíso. Devemos nos contentar em saber que aqueles que pela fé são enxertados no corpo de Cristo são participantes da vida, e ali desfrutam, após a morte, de um descanso abençoado e alegre, até que a glória perfeita da vida celestial se manifeste plenamente com a vinda de Cristo." — Comentário de Calvino sobre os Evangelhos.
[5] "Damos-Te graças sinceras, pois Te aprouve livrar este nosso irmão das misérias deste mundo pecaminoso." — Serviço Fúnebre da Igreja da Inglaterra.
"Tenho ótimas notícias para compartilhar. Uma pessoa amada por vocês completou sua luta; recebeu uma resposta para suas orações, e a alegria eterna repousa sobre sua cabeça. Minha querida esposa, fonte do meu maior conforto terreno por vinte anos, partiu na terça-feira." — Carta de Venn a Stillingfleet, anunciando a morte de sua esposa.