Fanny Crosby, apelido de Frances Jane Crosby (1820-1915), nasceu em 24 de março de 1820, em Brewster, Nova York. Filha única de John Crosby e sua segunda esposa, Mercy Crosby, ela era descendente direta de Enoch Crosby, um espião da Revolução Americana. Desde muito jovem, Fanny foi marcada por uma condição que a tornaria cega aos seis meses de idade, resultado de tratamentos inadequados para uma inflamação ocular. Apesar dessa adversidade, sua infância foi moldada pela fé cristã transmitida por sua mãe e avó materna, Eunice Paddock Crosby, que a introduziram ao estudo das Escrituras. Sua educação religiosa se desdobrou em uma profunda familiaridade com o texto bíblico, auxiliada por memória excepcional que lhe permitiu decorar quatro evangelhos, os cinco primeiros livros do Antigo Testamento e diversos salmos.
Sua trajetória educacional incluiu a New York Institution for the Blind, onde ingressou aos quinze anos. Ali desenvolveu habilidades musicais no piano, órgão, harpa e guitarra, além de se destacar como soprano. Após oito anos como aluna, permaneceu mais dois como pupila graduada, período em que começou a ensinar gramática, retórica e história. Aos vinte e poucos anos, mostrava-se não apenas comprometida com a educação formal, mas também profundamente envolvida com causas sociais, como a defesa dos direitos educacionais para pessoas cegas. Em 1844 e 1846, respectivamente, ela endereçou poesias ao Congresso americano e à legislatura estadual de Nova York, reivindicando maior atenção para a educação dos deficientes visuais. Sua eloquência chamou a atenção de figuras políticas, como o presidente James K. Polk, para quem compôs poemas em visitas oficiais.
A vida espiritual de Fanny foi central em seu propósito. Embora tenha frequentado igrejas de diferentes denominações, sua identificação com o metodismo foi clara desde seus dias na juventude. Ela encontrou consolo e orientação após participar de reuniões de avivamento em 1850, quando narrou sentir-se "inundada de luz celestial". Esse encontro com Deus solidificou seu chamado como missionária e leiga dedicada à evangelização urbana. Ao longo de sua vida, associou-se a movimentos como o Wesleyan Holiness, sendo amiga de figuras proeminentes como Walter e Phoebe Palmer, influentes na teologia holiness do século XIX. Seus hinos muitas vezes refletiam essa ênfase na santificação pessoal e no convite ao relacionamento íntimo com Cristo.
Fanny casou-se com Alexander van Alstyne Jr., também cego e professor da mesma instituição onde ela lecionava. O casamento, celebrado em 1858, enfrentou dificuldades, incluindo a perda precoce de sua filha recém-nascida, Frances, provavelmente vítima de febre tifoide. Apesar das tensões conjugais, Fanny manteve uma postura de respeito mútuo e cooperação ocasional com o marido, que trabalhava como organista em igrejas locais. Unidos em sua paixão pela música e pela escrita, eles colaboraram em projetos, embora suas rendas fossem majoritariamente destinadas a obras de caridade. Viveram modestamente, alternando residências em áreas urbanas de Nova York até sua separação nos últimos anos de vida.
Como autora prolífica, Fanny escreveu mais de oito mil hinos e canções gospel, bem como cerca de mil poemas seculares e textos autobiográficos. Suas composições foram amplamente publicadas em hinários metodistas e batistas, alcançando milhões de leitores e cantores ao redor do mundo. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão "Pass Me Not, O Gentle Saviour", "Blessed Assurance" e "Rescue the Perishing". Muitas dessas peças surgiram de experiências missionárias em bairros pobres de Manhattan, onde Fanny interagia diretamente com populações marginalizadas. As letras expressavam tanto a compaixão divina quanto o apelo à transformação pessoal, características que as tornaram populares entre congregações evangélicas.
Além de sua contribuição musical, Fanny esteve ativa em iniciativas de assistência social, especialmente em missões urbanas como a Water Street Mission e o Bowery Mission. Tornou-se uma figura maternal e inspiradora nessas comunidades, sendo carinhosamente chamada de "Tia Fanny". Sua dedicação à causa dos necessitados combinou-se ao engajamento com movimentos como a temperança, promovida pela Women's Christian Temperance Union. Ela escreveu hinos específicos para essas campanhas, enfatizando valores morais e a importância de uma vida piedosa.
Embora reconhecida internacionalmente por seus hinos, Fanny enfrentou desafios financeiros significativos devido à exploração comercial de suas obras. Compositores e editores geralmente retinham os lucros gerados pelas vendas, enquanto ela recebia pequenas quantias fixas por cada peça produzida. Mesmo assim, nunca demonstrou ambição material, preferindo distribuir generosamente suas rendas para ajudar outros. Figuras próximas, como Ira Sankey e Phoebe Knapp, buscaram garantir seu bem-estar durante seus últimos anos, especialmente após a morte de Alexander van Alstyne em 1902.
Nos estágios finais de sua vida, Fanny continuou a exercer influência através de palestras e visitas missionárias. Morreu em 12 de fevereiro de 1915, aos 94 anos, deixando um legado incontestável na música religiosa e no ativismo social cristão. Seu túmulo, localizado em Bridgeport, Connecticut, contém uma inscrição simples: “Ela fez o que pôde”. Esta frase resume sua trajetória de humildade, serviço altruísta e compromisso com o evangelho. Reconhecida como a "Rainha dos Escritores de Hinos Gospel", sua obra continua a ecoar nas igrejas contemporâneas, testemunhando o impacto duradouro de sua fé e criatividade.
Fanny Crosby (1820-1915) foi uma escritora e poetisa americana que escreveu mais de 8.000 hinos durante sua vida. Ela nasceu no condado de Putnam, em Nova York, e ficou cega devido a uma doença quando tinha apenas seis semanas de vida. Apesar de sua cegueira, ela levou uma vida extremamente produtiva e influente como escritora de hinos, poetisa e conferencista.
Crosby foi criada na Igreja Presbiteriana e foi exposta ao canto de hinos desde tenra idade. Ela tinha um talento natural para música e poesia e foi incentivada a seguir seus interesses por seus pais e professores. Ela frequentou o New York Institute for the Blind, onde se formou em música, poesia e literatura. Após a formatura, ela se tornou professora na escola e depois se tornou escritora em tempo integral.
Os hinos de Crosby, conhecidos por suas letras simples, diretas e sinceras, tornaram-se extremamente populares e amplamente utilizados em igrejas e reuniões religiosas nos Estados Unidos. Alguns de seus hinos mais famosos incluem "Blessed Assurance", "To God Be the Glory" e "Pass Me Not, O Gentle Savior". Seus hinos eram frequentemente escritos de uma perspectiva pessoal e devocional e refletiam sua profunda fé cristã e seu amor por Deus.
Ao longo de sua vida, Crosby foi uma oradora ativa e defensora dos cegos, e usou sua plataforma para aumentar a conscientização sobre as necessidades e habilidades dos cegos. Ela era uma forte apoiadora da American Bible Society e esteve envolvida em várias organizações de caridade ao longo de sua vida.
Fanny Crosby foi uma talentosa e influente escritora de hinos e poetisa que usou seus dons para divulgar o evangelho e levar consolo e inspiração a milhões de pessoas. Apesar de sua cegueira, ela levou uma vida produtiva e significativa, e seu legado como escritora de hinos continua a influenciar a igreja cristã hoje.