Madame Guyon

Madame Guyon, Jeanne-Marie Bouvier de La Motte Guyon (1648-1717), escritora quietista francesa, nasceu em Montargis, em 13 de abril de 1648, em uma família de prestígio local. De acordo com sua autobiografia, ela foi bastante negligenciada na infância e passou grande parte do tempo como interna em conventos, onde viveu experiências religiosas típicas de mulheres jovens e emocionalmente frágeis. Sua orientação mística foi influenciada pela duquesa de Béthune, filha de Fouquet, um ministro deposto, que viveu em Montargis após a queda do pai. 

Em 1664, Jeanne Marie casou-se com Jacques Guyon, um homem rico e doente, muito mais velho. Ele faleceu 12 anos depois, deixando-a viúva com três filhos pequenos e uma considerável fortuna. Durante seu infeliz casamento, sua inclinação mística tornou-se mais intensa e fixou-se no Padre Lacombe, um monge barnabita de caráter fraco e intelecto instável. Em 1681, ela deixou sua família e juntou-se a ele. Por cinco anos, ambos viajaram por Sabóia e sudeste da França, divulgando suas ideias místicas, até que despertaram suspeitas das autoridades. Lacombe foi preso em 1687 e morreu em 1715 após deterioração mental.

Madame Guyon foi presa em janeiro de 1688 e confinada em um convento como suspeita de heresia. Libertada no ano seguinte pela duquesa de Béthune, que agora tinha influência na corte devota de Madame de Maintenon, Guyon passou a frequentar esse círculo religioso. Ela impressionou com sua presença imponente e eloquência, conquistando admiradores, incluindo Fénelon, um jovem teólogo em ascensão. No entanto, quando surgiram boatos sobre Lacombe, ele rompeu os laços com ela. Madame de Maintenon também se distanciou e pediu que Guyon deixasse de frequentar o colégio de St. Cyr em 1693.

Buscando provar sua ortodoxia, Madame Guyon submeteu-se ao julgamento de Bossuet, que considerou seus escritos inaceitáveis. Ela prometeu não mais "dogmatizar" e retirou-se para o campo. No entanto, sua desobediência ao abandonar Meaux, onde estava sob supervisão, resultou em sua prisão na Bastilha em 1695, onde permaneceu até 1703. Após ser libertada, foi obrigada a viver na propriedade de seu filho, perto de Blois, sob vigilância e dedicando-se a obras caritativas até sua morte em 9 de junho de 1717.

Em 1704, as obras de Madame Guyon foram publicadas nos Países Baixos, onde ganharam grande popularidade. Entre os visitantes que vieram a Blois para conhecê-la estavam ingleses e alemães, incluindo Johann Wettstein e Lord Forbes. Ela passou os últimos anos de sua vida em retiro ao lado de sua filha, a Marquesa de Blois, e faleceu aos 69 anos, afirmando permanecer submissa à Igreja Católica, da qual nunca teve intenção de se afastar. Seu refúgio tornou-se local de peregrinação, atraindo admiradores da França e do exterior. Enquanto críticos franceses frequentemente a classificaram como uma histérica degenerada, na Inglaterra e Alemanha, sua obra despertou entusiasmo e admiração.

Suas obras publicadas, "Moyen Court" e "Règles des associées à l'Enfance de Jésus", foram incluídas no "Index Librorum Prohibitorum" em 1688. Além disso, as "Maximes des Saints", de Fénelon, seu admirador e correspondente, também foram condenadas tanto pelo Papa quanto pelos bispos franceses.

Um manuscrito anônimo do século XVIII, escrito à mão em francês e intitulado "Suplemento à vida de Madame Guyon", encontra-se preservado na Biblioteca Bodleiana da Universidade de Oxford. Esse documento oferece novos detalhes sobre os intensos conflitos que marcaram a vida de Madame Guyon.

Obras de Madame Guyon