Molinismo

I. Introdução


Molinismo é um sistema teológico desenvolvido no século XVI pelo teólogo jesuíta espanhol Luis de Molina. Procura reconciliar os conceitos de soberania divina e livre arbítrio humano, propondo um meio termo entre o determinismo estrito e o livre arbítrio total. O molinismo argumenta que o conhecimento de Deus sobre o futuro é baseado em Seu conhecimento médio, que lhe permite saber o que qualquer criatura com livre arbítrio faria em qualquer circunstância.


A relação do molinismo com o protestantismo é complexa, pois o sistema foi desenvolvido no contexto da resposta da Igreja Católica à Reforma Protestante. Alguns teólogos protestantes, particularmente os arminianos, consideram atraente a ênfase do molinismo no livre-arbítrio humano e na possibilidade de salvação para todos. Outros, particularmente os calvinistas, criticaram a visão do molinismo sobre a predestinação e o papel do conhecimento médio de Deus.


O foco do molinismo no livre arbítrio e na soberania de Deus também levou a comparações com a teologia protestante, particularmente o calvinismo. Embora existam semelhanças entre os dois sistemas, como a ênfase na soberania de Deus, eles diferem significativamente em seus pontos de vista sobre predestinação e livre arbítrio. A ênfase do molinismo no livre-arbítrio humano levou alguns teólogos protestantes a considerá-lo incompatível com a teologia reformada tradicional.


A relação entre Molinismo e Protestantismo é caracterizada por complexos debates teológicos e diferentes interpretações de conceitos-chave como predestinação e livre arbítrio. Apesar dessas diferenças, ambos os sistemas procuram reconciliar os conceitos da soberania de Deus e do livre-arbítrio humano de uma forma que permita uma compreensão significativa da salvação e do relacionamento entre Deus e a humanidade.



Luís de Molina


Luis de Molina (1535-1600) foi um teólogo jesuíta espanhol, mais conhecido por seu desenvolvimento do sistema teológico conhecido como Molinismo. Molina nasceu em Cuenca, Espanha, e entrou na Companhia de Jesus em 1554. Estudou em Alcalá e depois em Coimbra, Portugal, onde se tornou professor de teologia.


A contribuição mais significativa de Molina para a teologia foi o desenvolvimento da teoria do conhecimento médio, que propunha que Deus possui conhecimento do que os seres humanos fariam em qualquer circunstância. Esse conhecimento, conhecido como "contrafactuais da liberdade da criatura", permite que Deus escolha quais circunstâncias atualizar para alcançar seus propósitos sem violar o livre arbítrio humano.


As opiniões de Molina sobre a predestinação e o livre-arbítrio eram controversas e acaloradamente debatidas por seus contemporâneos. Molina argumentou que a predestinação de Deus é baseada em sua presciência das escolhas humanas, e não em sua escolha arbitrária, como argumentaram alguns teólogos. Essa visão era vista como um meio termo entre as visões extremas da predestinação mantidas pelos calvinistas e as visões extremas do livre arbítrio mantidas pelos arminianos.


O trabalho de Molina foi influente no desenvolvimento da teologia jesuíta e teve um impacto significativo nos teólogos posteriores, particularmente nas áreas de presciência divina, predestinação e livre arbítrio. Hoje, o molinismo continua a ser uma importante perspectiva teológica dentro do catolicismo e também encontrou aceitação entre alguns estudiosos protestantes.



Definição de Molinismo


Molinismo é um sistema teológico desenvolvido pelo teólogo jesuíta espanhol Luis de Molina no século XVI. Procura reconciliar os conceitos de soberania divina e livre arbítrio humano, propondo um meio termo entre o determinismo estrito e o livre arbítrio total.


No coração do molinismo está o conceito do conhecimento médio de Deus, que lhe permite saber o que qualquer criatura com livre arbítrio faria em qualquer circunstância. Esse conhecimento permite que Deus escolha qual mundo possível criar que melhor cumpriria seus propósitos, ao mesmo tempo em que permite a livre escolha dos seres humanos.


O molinismo também enfatiza a importância do livre-arbítrio humano, argumentando que a graça de Deus é suficiente para permitir que qualquer pessoa escolha responder ao evangelho e ser salva. Rejeita a noção de dupla predestinação, que ensina que Deus predestina algumas pessoas para a salvação e outras para a condenação.


De acordo com o molinismo, Deus tem conhecimento dos contrafactuais da liberdade da criatura, o que significa que Deus sabe o que qualquer criatura livre faria em qualquer circunstância. Esse conhecimento dos contrafactuais permite que Deus tome decisões e aja de maneira a respeitar a liberdade humana enquanto cumpre Seus propósitos divinos. Os molinistas normalmente apontam para passagens bíblicas que sugerem que Deus tem conhecimento de eventos futuros, como Jeremias 38:17-18, onde Deus diz a Jeremias o que acontecerá se ele se render aos babilônios, e Mateus 11:23-24, onde Jesus fala sobre os resultados hipotéticos se certos eventos tivessem ocorrido nas cidades de Tiro, Sidom e Cafarnaum.


O molinismo tem sido influente na teologia católica, particularmente nas áreas da graça, salvação e providência divina. No entanto, também tem sido objeto de debates e críticas significativas, particularmente de teólogos calvinistas que discordam de sua ênfase no livre-arbítrio humano e no conceito do conhecimento médio de Deus.



Antecedentes históricos e desenvolvimento do Molinismo


O molinismo leva o nome de seu fundador, Luis de Molina. Molina desenvolveu seu sistema teológico em resposta aos desafios colocados pela Reforma Protestante, que enfatizou a importância da fé individual e a ideia de sola fide, ou salvação somente pela fé.


Molina foi profundamente influenciado pela obra do filósofo humanista holandês Desiderius Erasmus, que enfatizou a importância do livre-arbítrio na vida cristã. Molina procurou conciliar o conceito de livre arbítrio com a doutrina católica da providência divina, que enfatizava o controle de Deus sobre todos os aspectos da criação.


Para fazer isso, Molina desenvolveu o conceito do conhecimento médio de Deus, que ele acreditava permitir que Deus soubesse o que qualquer criatura livre faria em qualquer circunstância. Esse conhecimento permitiu que Deus escolhesse o melhor mundo possível para criar, um que cumpriria seus propósitos enquanto ainda permitia as livres escolhas dos seres humanos.


Há algum debate entre os estudiosos sobre se o Molinismo pode ser encontrado nos escritos dos Pais da Igreja. Alguns argumentam que há elementos do molinismo nas obras de Santo Agostinho, que sustentava um conceito de presciência divina que não implicava predestinação. Outros apontam para os escritos de São Tomás de Aquino, que falou do conhecimento médio de Deus, que permitiu a Deus saber o que as pessoas escolheriam livremente em diferentes circunstâncias. Este conceito é semelhante à teoria do conhecimento médio de Molina. No entanto, é importante notar que os conceitos do Molinismo não foram totalmente desenvolvidos até o século XVI, e é improvável que os Pais da Igreja tivessem articulado essas ideias da mesma maneira.


As ideias de Molina foram controversas e ele enfrentou oposição significativa de católicos e protestantes. No entanto, seu trabalho influenciou a teologia católica, particularmente nas áreas de graça, salvação e providência divina. As ideias de Molina acabaram sendo aceitas pela Igreja Católica, e seu sistema teológico tem sido uma parte importante do pensamento católico desde então.




Debate entre jesuítas molinistas e dominicanos


O debate entre jesuítas molinistas e dominicanos ocorreu nos séculos XVI e XVII e centrou-se na questão da predestinação. Os molinistas jesuítas, seguindo os ensinamentos de Luis de Molina, sustentavam que a presciência de Deus sobre as escolhas humanas significava que ele poderia predestinar indivíduos com base em sua fé ou descrença prevista. Em outras palavras, Deus olhou para o futuro e viu quem escolheria acreditar nele, e então predestinou aqueles indivíduos para a salvação.


Os teólogos dominicanos, por outro lado, acreditavam que a presciência de Deus não exigia que ele predestinasse nada. Eles argumentaram que a graça de Deus é a única fonte de salvação e que não é concedida com base em mérito ou fé previstos. Em vez disso, eles sustentavam que a graça de Deus é dada livre e soberanamente, e que a razão última para a salvação ou condenação de alguém é conhecida apenas por Deus.


O debate entre esses dois grupos tornou-se acalorado e muitas vezes polêmico, com ambos os lados acusando o outro de heresia. No final, a Igreja não resolveu definitivamente a questão, mas permitiu que ambos os pontos de vista coexistissem dentro dos limites da ortodoxia. Hoje, a visão molinista da predestinação continua sendo uma visão minoritária dentro da Igreja Católica.



Visões protestantes sobre Molinismo


As visões protestantes sobre o Molinismo são diversas e variam dependendo da tradição e perspectiva teológica particular. Alguns teólogos protestantes, particularmente aqueles que se identificam como arminianos, acham atraente a ênfase do molinismo no livre-arbítrio humano e na possibilidade de salvação para todos. Eles veem o molinismo como uma forma de reconciliar o conceito da soberania de Deus com a realidade da escolha humana e afirmar a ideia de que a salvação está disponível para todos que escolherem aceitá-la.


Outros teólogos protestantes, particularmente aqueles que se identificam com a tradição reformada, são mais críticos do molinismo. Eles veem a ênfase do molinismo no livre-arbítrio humano como incompatível com sua compreensão da soberania divina, argumentando que se Deus realmente sabe o que qualquer criatura com livre-arbítrio faria em qualquer circunstância, então a escolha humana não é verdadeiramente livre. Eles também criticam a visão do molinismo sobre a predestinação, argumentando que isso enfraquece o ensino bíblico da eleição e escolha soberana de Deus.


Apesar dessas críticas, o molinismo ganhou alguma popularidade entre os teólogos protestantes nos últimos anos, particularmente aqueles interessados em explorar novas maneiras de pensar sobre a relação entre a soberania de Deus e o livre arbítrio humano. Embora permaneça um tópico controverso e debatido na teologia protestante, o molinismo continua a ser uma parte importante da conversa teológica cristã mais ampla.




II. Molinismo e a Doutrina da Predestinação


O molinismo e a doutrina da predestinação estão intimamente relacionados, pois ambos lidam com a questão de como a soberania de Deus e o livre-arbítrio humano interagem no processo de salvação.


O molinismo rejeita a ideia de dupla predestinação, que é a crença de que Deus predestina algumas pessoas para a salvação e outras para a condenação. Em vez disso, o molinismo afirma o ensino bíblico de que Deus deseja que todas as pessoas sejam salvas e que sua graça é suficiente para permitir que qualquer pessoa escolha responder ao evangelho.


O molinismo também afirma a ideia de predestinação, mas em um sentido diferente do que normalmente é entendido na teologia calvinista. De acordo com o molinismo, Deus predestina os indivíduos com base em seu conhecimento médio do que eles escolheriam livremente em qualquer circunstância. Isso significa que Deus sabe quem escolheria responder ao evangelho se ele fosse apresentado a eles e predestina esses indivíduos para a salvação.


Os críticos do molinismo argumentam que essa visão enfraquece a ideia da soberania divina, pois sugere que o plano de Deus para a salvação depende do livre-arbítrio humano. Eles também argumentam que o conceito de conhecimento médio é filosoficamente problemático e tem pouca base nas Escrituras.


Os defensores do molinismo, por outro lado, argumentam que ele fornece uma compreensão mais robusta e diferenciada da predestinação que leva a sério a realidade da escolha humana e a importância da graça de Deus no processo de salvação. Eles também apontam para as passagens bíblicas que afirmam a ideia de que Deus deseja que todas as pessoas sejam salvas e que sua graça é suficiente para a salvação.




Comparação entre Molinismo e Calvinismo


O molinismo e o calvinismo são dois sistemas teológicos que têm diferenças significativas em sua compreensão da soberania de Deus, do livre arbítrio humano e do processo de salvação.


O calvinismo enfatiza a soberania absoluta de Deus e argumenta que tudo o que acontece está de acordo com a sua vontade. Os calvinistas acreditam na doutrina da dupla predestinação, que afirma que Deus predestina algumas pessoas para a vida eterna e outras para a condenação eterna, independentemente de qualquer mérito ou demérito previsto de sua parte.


Em contraste, o molinismo afirma a importância do livre arbítrio humano e argumenta que Deus sabe o que qualquer criatura com livre arbítrio escolheria em qualquer circunstância por meio de seu conhecimento médio. De acordo com o molinismo, Deus predestina indivíduos com base em seu conhecimento de suas escolhas livres, em vez de determinar arbitrariamente seu destino eterno.


Outra grande diferença entre o molinismo e o calvinismo é sua compreensão da extensão da expiação de Cristo. O calvinismo ensina a expiação limitada, que sustenta que Cristo morreu apenas pelos eleitos. O molinismo, por outro lado, afirma a expiação universal, que sustenta que a morte de Cristo é suficiente para a salvação de todas as pessoas, embora nem todos decidam aceitá-la.


Além disso, o calvinismo tende a enfatizar a doutrina do monergismo, que argumenta que somente Deus é responsável pela salvação de uma pessoa, enquanto o molinismo afirma o sinergismo, que sustenta que tanto Deus quanto o indivíduo desempenham um papel no processo de salvação.


Em resumo, embora tanto o calvinismo quanto o molinismo afirmem a soberania de Deus e a importância da salvação, eles têm pontos de vista significativamente diferentes sobre o livre-arbítrio humano, a predestinação, a extensão da expiação de Cristo e o próprio processo de salvação. Essas diferenças levaram a debates e discussões teológicas significativas ao longo da história da teologia cristã.



Perspectiva molinista sobre a predestinação


Na perspectiva molinista, a predestinação é entendida como a decisão de Deus de trazer certos indivíduos à salvação com base em seu conhecimento médio. Os molinistas afirmam que Deus deseja que todas as pessoas sejam salvas e que sua graça é suficiente para a salvação. No entanto, eles também sustentam que Deus, em sua infinita sabedoria e conhecimento, sabe quem escolheria responder ao evangelho se fosse apresentado a eles.


De acordo com o molinismo, a predestinação de indivíduos para a salvação por Deus é baseada em seu conhecimento médio do que eles escolheriam livremente em qualquer circunstância. Isso significa que Deus sabe o que qualquer criatura com livre arbítrio escolheria em qualquer circunstância e predestina esses indivíduos para a salvação. Essa visão afirma a importância do livre-arbítrio humano e reconhece que o plano de Deus para a salvação não é arbitrário ou predeterminado, mas sim baseado em seu conhecimento perfeito das escolhas humanas.


Os molinistas rejeitam o conceito de dupla predestinação, que é a crença de que Deus predestina algumas pessoas para a salvação e outras para a condenação. Em vez disso, eles afirmam o ensino bíblico de que Deus deseja que todas as pessoas sejam salvas e que sua graça é suficiente para permitir que qualquer pessoa escolha responder ao evangelho.


Os molinistas sustentam que a predestinação é um aspecto importante do plano de Deus para a salvação, mas é baseada em seu conhecimento perfeito das escolhas humanas livres e não é arbitrária ou predeterminada.



Críticas protestantes da visão do molinismo sobre a predestinação


As críticas protestantes à visão do molinismo sobre a predestinação geralmente se concentram em duas objeções principais: a compatibilidade do conhecimento médio com a soberania de Deus e a questão de saber se o molinismo afirma a salvação somente pela graça.


Uma crítica ao molinismo é que ele limita a soberania de Deus ao sugerir que seu conhecimento do que os humanos escolheriam livremente limita sua capaci