A Segunda Epístola a Timóteo, integrante das cartas pastorais do Novo Testamento ao lado de 1 Timóteo e Tito, é uma obra redigida em grego koiné, tradicionalmente atribuída a Paulo de Tarso. Dirigida a Timóteo, seu colaborador missionário, a carta é considerada pela tradição cristã como o último escrito de Paulo, composto pouco antes de seu martírio, estimado entre 64 e 67 d.C., durante o reinado de Nero (54-68 d.C.). Preservada em manuscritos como o Codex Sinaiticus (330-360 d.C.), Codex Alexandrinus (400-440 d.C.) e Codex Ephraemi Rescriptus (c. 450 d.C.), a epístola reflete um contexto de prisão e iminência da morte, conforme expresso em 2 Timóteo 4:6: “Já estou sendo oferecido, e o tempo da minha partida está próximo”. Embora a autoria paulina seja defendida por alguns estudiosos, como Jerome Murphy-O’Connor, a maioria dos críticos modernos a classifica como pseudepigráfica, datando-a entre 90 e 140 d.C., devido a diferenças estilísticas e à estrutura eclesiástica mais desenvolvida em comparação com epístolas paulinas indiscutíveis. A epístola adota o gênero testamentário, caracterizado por exortações éticas e revelações futuras, comum na literatura antiga, como no discurso de Moisés em Deuteronômio. Seu propósito é fortalecer Timóteo na fé, orientá-lo contra falsos ensinos e prepará-lo para liderar a comunidade cristã em meio a desafios.
Estruturada em quatro capítulos, a carta inicia com uma saudação e exortação à coragem na pregação (2 Timóteo 1:1-14), seguida por referências a colaboradores (1:15-18). O segundo capítulo enfatiza a fidelidade apostólica, com um hino cristológico (2:11-13) e instruções para evitar disputas heréticas (2:14-26). O terceiro capítulo alerta sobre os perigos dos últimos dias e exalta a autoridade das Escrituras (3:1-17), enquanto o quarto conclui com apelos à perseverança, reflexões sobre o martírio de Paulo e saudações finais (4:1-22). A epístola contém paralelos com Filipenses, escrita em cativeiro, e menciona figuras como Demas, que abandonou Paulo (4:10), e Marcos, agora útil ao ministério (4:11). A única referência bíblica a Lino, tradicionalmente associado ao episcopado romano, aparece em 4:21. Diferentemente de epístolas paulinas como Romanos, o foco não está na união mística com Cristo, mas na organização eclesiástica e no combate ao gnosticismo, sugerindo uma data posterior à vida de Paulo. A mensagem central, enraizada na esperança cristã, convoca à firmeza na fé, à pregação fiel e à confiança na recompensa divina, expressa na “coroa da justiça” prometida (2 Timóteo 4:8), refletindo a urgência de viver piamente em tempos de perseguição.